Se os valores morais fossem negociados na Bolsa de Valores, o governo provisório de Michel Temer já seria um empreendimento falido. O despudor com que o presidente interino nomeia auxiliares suspeitos ofende até a lógica.
Chama-se Fátima Pelaes a penúltima anormalidade a escalar o organograma do governo Temer. Acusada pela Procuradoria da República de integrar uma “articulação criminosa”, ela foi nomeada chefe da secretaria de políticas para as mulheres.
Ex-deputada federal pelo PMDB do Amapá, Fátima destinou emendas orçamentárias para uma ONG fantasma. Coisa de R$ 4 milhões. Pilhada na Operação Voucher, da Polícia Federal, ela foi processada no STF. Como não se reelegeu, o processo desceu para a primeira instância do Judiciário.
“Processado não é condenado'', diz o bordão adotado pelo governo para justificar a conversão de suspeitos em autoridades. É mesmo difícil a vida do brasileiro. O sujeito vai à rua para exigir moralidade e descobre que o substituto constitucional da desfaçatez é o despautério.
Temer abriu a semana reafirmando, “pela enésima vez”, que seu governo “não vai interferir na Lava Jato”. E fechou a semana enviando ao Diário Oficial a nomeação de mais uma suspeição. Quer dizer: não é que o governo provisório não veja uma solução para déficit moral. O que ele não enxerga é o problema.
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