segunda-feira, 6 de junho de 2016

“Dilma me sacaneou”, diz Cerveró sobre caso Pasadena


Ex-diretor da Petrobrás diz em vídeos de seus depoimentos à Lava Jato que a presidente afastada conhecia todo o esquema

Por: Reinaldo Azevedo

A Folha revelou nesta segunda vídeos do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró durante as tratativas de sua delação premiada. Em depoimento à força-tarefa da Lava Jato, Cerveró afirmou ter mágoa da presidente afastada, Dilma Rousseff, pois ele teria sido “sacaneado” e “jogado no fogo” pela petista.

Segundo disse, Dilma jogou 15 anos de amizade fora para se livrar das acusações que fizeram contra ela. O ex-diretor explicou que a presidente afastada mentiu ao dizer que não tinha as informações completas sobre a compra da refinaria de Pasadena e que ela o fez porque era “época de eleição e tinha que arrumar um Cristo”.

Em outra gravação, quando explicava sua indicação para a BR Distribuidora, Cerveró chamou Dilma de “maluca” e afirmou que recebeu a presidência da subsidiária da Petrobras como prêmio, um “reconhecimento pela ajuda prestada para quitar um empréstimo de R$ 12 milhões de reais” do PT com o Banco Schahin. Atenção! Quando o empréstimo foi quitado graças a um contrato do grupo com a Petrobra, a dívida já estava em R$ 60 milhões. O partido não preciso pagar um tostão. Na prática, a Petrobras pagou tudo.

Para lembrar: em 2004, o pecuarista José Carlos Bumlai obteve o empréstimo de R$ 12 milhões com o Banco Schahin. Desse total, ele disse ter repassado R$ 6 milhões para o PT de Santo André. Segundo a Lava Jato, o dinheiro pagou pessoas que chantageavam Lula, ameaçando envolve-lo na morte de Celso Daniel.

Em 2009, sob o comando de Nestor Cerveró, a diretoria Internacional da Petrobras aceitou contratar a Schahin Engenharia por US$ 1,6 bilhão para a operação de um navio-sonda, o Vitoria 10.000.

Segundo Salim Schahin, em razão do contrato, a dívida do PT foi “perdoada”.

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