As circunstâncias conspiravam a favor da lógica. Condenado por improbidade administrativa num processo sobre superfaturamento das obras de um túnel, Maluf havia sido enquadrado pelo TRE-SP na lei que exige ficha limpa dos candidatos. O TSE confirmara a sentença. Maluf recorrera. E o recurso foi a julgamento na noite passada.
Criou-se para os ministros do TSE uma versão pós-eleitoral do dilema hamletiano: barrar Maluf ou barrar Maluf?, eis a questão. E os magistrados, por 4 votos a 3, optaram pela única alternativa que a lógica tornara indisponível: liberaram o Maluf.
Desse jeito, não resta à plateia senão concordar com uma velha tese de Dostoiévski: se Deus não existe, tudo é permitido. Se Paulo Maluf não é ficha suja, extinguem-se sobre a Terra todos os valores éticos e morais.
Os 250 mil votos que São Paulo deu ao higienizado personagem serão validados. Maluf será diplomado e assumirá mais um mandato de deputado federal. Quanto a você, sinta-se à vontade para invadir um asilo e esganar meia dúzia de velhinhos. Se preferir, pode optar pelo auto-esganamento. Tudo é permitido.
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