quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Governo tenta controlar Vale, uma empresa privada

Mirian Leitão

O mandato do atual presidente da Vale, Roger Agnelli, termina no ano que vem, e os acionistas vão tomar a decisão sobre quem será o próximo. Mas há algum tempo, o presidente Lula, pessoalmente, tem pressionado a Vale, acha que a empresa não faz as opções empresariais certas, queria que investisse mais em siderurgia no Brasil, para parar de vender matéria-prima. Mas tem de ser uma decisão tomada pela empresa, por razões profissionais, olhando as opções de mercado para o aço. Enfim, não pode ser tomada a partir do Palácio do Planalto.

Agora, o que estão falando, é que eles vão aproveitar essa mudança para que o governo interfira mais diretamente na escolha do novo presidente. Como se daria isso? Através de outro acionista, a Previ, que tem participação grande.

Mas o que interessa a todo mundo é que o governo sempre repete essa confusão: acha que um fundo de pensão pertence ao governo; não, ele é dos funcionários do Banco do Brasil; portanto, entidade de direto privado, não empresa estatal.

O governo não pode decidir isso. Pode ser que a decisão mais acertada seja essa, de investir em siderurgia, mas o que é estranho, do ponto de vista do que chamam de governança, é a insistência com que o governo quer controlar e decidir o que se passa dentro de uma empresa privada, de capital aberto, que tem muitos acionistas. Se soubesse muito bem dirigir suas empresas, não aconteceriam essas barbaridades que ocorrem, por exemplo, nos Correios.

O governo Lula tem dificuldade de entender exatamente o que é empresa totalmente estatal, empresa de economia mista e empresa privada. Mistura tudo como se fossem braços do governo. É uma distorção.

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