terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dinheiro traz satisfação, mas não felicidade

O dinheiro melhora a avaliação que as pessoas fazem da vida, mas não traz felicidade, aponta um estudo realizado pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. A baixa renda, no entanto, compromete o bem-estar emocional em casos de divórcio e doenças.

O economista Angus Deaton, do Centro para Saúde e Bem-estar da Universidade de Princeton, e o psicólogo Daniel Kahneman, coautor do artigo e vencedor do Prêmio Nobel, usaram como referência para a pesquisa um levantamento conduzido pela Organização Gallup. A entidade analisou 450.000 respostas sobre felicidade de 1.000 americanos, coletadas diariamente entre 2008 e 2009.

Os especialistas dividiram a sensação de bem-estar em duas categorias – satisfação emocional e a avaliação da vida. Eles descobriram que uma renda anual de até 75.000 dólares (130.000 reais) pode fazer com que as pessoas tenham melhor expectativa do futuro, embora isso não garanta a felicidade.

O estudo aponta também que a baixa renda – um salário mensal abaixo de 11.000 reais – pode comprometer a felicidade de um modo geral porque os problemas imediatos interferem diretamente na sensação de prazer.

Muitos autores já estudaram a relação do dinheiro com a felicidade, mas nunca sob o ponto de vista de duas categorias diferentes, como na pesquisa da Universidade de Princeton.

Segundo Naercio Aquino Menezes Filho, doutor em economia pela University of London e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a conclusão do estudo não é inédita, mas sua metodologia é interessante e representará um importante passo para os pesquisadores e economistas da área.

Para Menezes, “o que se observa em vários países é uma relação positiva entre a renda e a felicidade”. O especialista comenta que essa correlação não é linear. “As conclusões podem ser diferentes levando-se em conta o país em questão e fatores culturais de uma determinada região”.

O economista brasileiro afirma que a grande novidade da pesquisa está diretamente relacionada a divisão de categorias no que diz respeito ao sentimento de bem-estar. De acordo com ele, estudos anteriores já analisaram cada grupo separadamente, mas nunca em um mesmo levantamento.

Especialista: Naercio Aquino Menezes Filho, doutor em economia pela University of London e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)

Envolvimento com assunto: Menezes é um dos autores do artigo “Os determinantes empíricos da felicidade no Brasil”, que analisa, entre outras coisas, a relação do brasileiro com o dinheiro.

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