sexta-feira, 3 de junho de 2022

Governo Bolsonaro está tonto e desesperado



O Datafolha deixou o governo Bolsonaro tonto. Em público, Bolsonaro diz que não pode fazer nada contra a fome de lucro da "Petrobras Futebol Clube". Entretanto, a movimentação dos bastidores revela que nada tornou-se para o presidente e os sócios de sua ruína uma palavra que ultrapassa tudo.

Na guerra para baixar a inflação dos combustíveis, o governo cogita agora editar um decreto de calamidade nos moldes do que foi implementado para combater a pandemia da Covid-19. Isso daria a Bolsonaro licença subsidiar os combustíveis e torrar verbas públicas como se o seu governo não devesse nada a ninguém. Muito menos explicações.

Alega-se que a guerra na Ucrânia e o risco de desabastecimento de óleo diesel no Brasil justificariam a excepcionalidade. Na prática, o governo usa sua própria inépcia como justificativa para colocar os cofres do Tesouro Nacional a serviço do populismo presidencial a apenas quatro meses da eleição. A manobra pode ser resumida numa palavra: desespero.

O governo ficou zonzo ao identificar nas dobras da pesquisa do Datafolha que aumentou o fosso que separa a pretensão de Bolsonaro de se reeleger e a vontade de mudança que toma conta do pedaço mais pobre do eleitorado. Ironicamente, a angústia bate no Planalto num instante em que o governo dispõe de novidades para comemorar.

O índice de desemprego despiorou, caindo de 11,1% para 10,5%. O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre do ano. Não chega a ser um crescimento portentoso. Mas não é desprezível. O problema é que o governo sabe que esses indicadores estão no retrovisor. A previsão que surge no para-brisas é de uma deterioração econômica no segundo semestre, às vésperas da eleição.

Diz-se que Paulo Guedes resiste à decretação da calamidade. Mas a resistência do ministro da Economia vale pouco. Desde que o centrão invadiu o orçamento e sequestrou a pauta do governo, Guedes está preso à responsabilidade fiscal por grilhões de barbante.

Segundo o Datafolha, Lula abriu dianteira de 21 pontos sobre Bolsonaro. Se a eleição fosse agora, prevaleceria no primeiro turno. Em condições normais, o desnorteio de um presidente como Bolsonaro seria preocupante. Considerando-se que faltam quatro meses para a eleição presidencial e mais dois meses para o término do mandato, Bolsonaro dispõe de seis meses para exercitar seu desespero. Isso e um perigo.

Por Josias de Souza

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