Está destinado a descarrilhar sem sequer ter tempo de sair do papel o projeto de ferrovia ligando o Brasil ao Peru anunciado, ontem, pela presidente Dilma Rousseff como uma das joias da coroa da nova rodada do programa de concessões em infraestrutura.
Conhecida como Ferrovia Bioceânica, e responsável por pouco mais de 20% do total de novos investimentos em concessões, o projeto é economicamente inviável, segundo análise feita pela seção latino-americana da União Internacional de Ferrovias, e citada por Lu Aiko Otta em “O Estado de S. Paulo”.
O custo do transporte de uma tonelada de soja de Lucas do Rio Verde até Xangai, na China, sai por US$ 120,43 se a mercadoria for embarcada no porto de Santos (SP). Pelo porto de Ilo, no Peru, o frete sai a US$ 166,92. Uma diferença de US$ 46,49 por tonelada.
O cálculo não leva em conta o custo de construção da ferrovia, que ainda não existe. A depender do traçado, pode chegar a 3.650 km, dos quais mais de 1.000 km atravessam os Andes. Só a parte brasileira custaria R$ 40 bilhões.
A conta feita na análise apenas considera a distância a ser percorrida pela soja e calcula o frete ferroviário de acordo com o preço vigente no país, com o dólar a R$ 3,00. Assim, o transporte da carga por trem sairia por US$ 58,28 se a soja for embarcada em Santos ou US$ 127,75 se ela passar pela Bioceânica.
O projeto está sendo comparado por empresários com outro que se revelou totalmente irreal – o Trem de Alta Velocidade que ligaria o Rio a Campinas, em São Paulo. Lula e Dilma extraíram vantagens políticas do projeto que, hoje, está engavetado.
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