terça-feira, 9 de junho de 2015

Dilma fala como se fosse espectadora da ruína



Dilma Rousseff tornou-se uma presidente sui generis. Ela fala da conjuntura adversa que a rodeia como se não tivesse nada a ver com a ruína. Mal comparando, comporta-se como um oficial alemão que foi visitar o estúdio de Picasso durante a ocupação de Paris. Ao se deparar com uma reprodução de Guernica, aquele quadro que mostra a destruição da cidade espanhola na guerra civil, o oficial indagou: “Foi o senhor que fez isso?”. E Picasso: “Não, foram os senhores.”

A três dias do início do 5º Congresso Nacional do PT, Dilma Rousseff saiu em defesa do ministro Joaquim Levy, alvo preferencial do partido. Em conversa com a repórter Tânia Monteiro, ela disse considerar “injustas” as críticas ao ministro da Fazenda, porque o ajuste fiscal “não é responsabilidade exclusiva dele. Não se pode fazer isso, criar um judas.”

De fato, se o nome do problema fosse Joaquim Levy, a presidente resolveria com um golpe de esferográfica. Em verdade, para desassossego do PT, Levy é a tentativa de solução que Dilma encontrou para a encrenca econômica que ela própria produziu. De resto, aos olhos do eleitorado, a traição foi praticada pela inquilina do Planalto, que prometera na campanha presidencial reeditar o Éden.

Empenhada em mudar de assunto, Dilma injetou no seu vocabulário a palavra crescimento. “A retomada do crescimento começa com o ajuste e se complementa com medidas que vamos anunciar até agosto”, ela disse.

Nenhum comentário: