terça-feira, 9 de junho de 2015

HSBC anuncia que vai sair do Brasil e cortar 50 mil empregos


Logos do HSBC na sede do banco em Hong Kong, China

O banco britânico HSBC anunciou nesta terça-feira que vai encerrar as suas atividades no Brasil e na Turquia. A decisão faz parte do plano de reestruturação da instituição financeira, que quer reduzir os seus ativos em 25%, gerando, assim, uma economia de 5 bilhões de dólares e um retorno sobre o patrimônio líquido de mais de 10% até 2017.

O banco também informou que cortará 50.000 postos de trabalho, sendo a metade deles das filiais do Brasil e da Turquia, e a outra metade de outras agências espalhadas pelo mundo. O objetivo da companhia agora é concentrar as atenções em operações na China, Índia e México.

No país, o banco mantém 853 agências, com 21.479 funcionários - alguns deles trabalham no Brasil para outras agências da América Latina. A filial brasileira ainda não informou o total de quantos serão demitidos no país. Entre 2011 e 2014, o banco já havia fechado cerca de 37.000 vagas de trabalho em agências distribuídas pelo mundo.

Em apresentação aos investidores nesta madrugada, a instituição explicou que a saída do mercado brasileiro ocorre porque, para ser um dos três maiores no país, teria de multiplicar o total de ativos por seis. Outro argumento é que as exportações do Brasil (225 bilhões de dólares) são comparativamente menores que em outros mercados em que a casa seguirá com as portas abertas, como México (398 bilhões de dólares), Emirados Árabes Unidos (373 bilhões de dólares) e Índia (324 bilhões de dólares).

O redimensionamento do banco, que também atinge outros mercados e áreas de negócios, permitirá à casa estar "alinhada com as maiores zonas econômicas e de comércio do mundo", conforme diz o comunicado divulgado aos investidores em Londres. A saída do mercado brasileiro, porém, não será completa, restringindo-se a uma pequena operação para atender grandes empresas. "Planejamos manter presença no Brasil para atender grandes clientes corporativos com respeito às necessidades internacionais", informa a nota.

Enquanto arruma as malas no Brasil e Turquia, o HSBC anuncia que pretende "reconstruir a lucratividade no México". Uma das intenções na segunda maior economia latino-americana é aproveitar as oportunidades criadas com o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, o Nafta.

A principal aposta do HSBC, porém, está na Ásia. "O HSBC planeja desenvolver negócios no delta do Rio das Pérolas, na província de Guangdong (áreas da China) e na região da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático", diz o comunicado. Entre as áreas que serão mais exploradas na região, estão a gestão de ativos e os seguros. Além disso, o banco quer aproveitar as oportunidades criadas pela internacionalização da moeda chinesa.

Em evento de apresentação do cenário para investidores, o executivo-chefe do banco, Stuart Gulliver, explicou com naturalidade a decisão de sair do país. "Os negócios têm gerado resultado abaixo do esperado no Brasil, Turquia, México e Estados Unidos. O que vamos fazer é vender o Brasil e a Turquia e mudar no México e Estados Unidos", afirmou. Em relação à segunda maior economia da América Latina, o tom foi diferente. "O quadro é diferente no México, onde a economia é aberta e há 11 reformas em curso", disse o executivo que destacou que a participação das exportações no PIB mexicano supera até a da China.

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