quarta-feira, 11 de maio de 2022

Supersalários deixam generais da ala bolsonarista com um aroma venezuelano



Bolsonaro colocou nas redes sociais um vídeo que exibe imagens de Lula com Hugo Chávez para assustar o eleitorado com a possibilidade de o Brasil virar uma Venezuela nas mãos do PT. Na verdade, o processo de venezuelização já se encontra em avançado estágio de implantação. Ocorre com Bolsonaro no poder, só que com o sinal trocado. Os supersalários dos generais bolsonaristas compõem o quadro de degradação institucional que aproxima o Brasil do seu vizinho.

Na Venezuela, o chavismo corrompeu as Forças Armadas com vantagens salariais e negócios escusos. No Brasil, o bolsonarismo acariciou as forças militares com investimentos orçamentários e mimos previdenciários. Há um ano, editou-se portaria para colocar os contracheques dos generais de estimação do capitão numa laje acima do teto salarial do serviço público. Ali, os comandantes de escrivaninha passaram a receber até R$ 78,6 mil mensais, o dobro do salário dos ministros do Supremo. Na época, até o vice Hamilton Mourão disse que a medida não era ética.

O próprio Mourão e seus companheiros de armas Luiz Eduardo Ramos, Augusto Heleno e Walter Braga Netto apalparam ganhos extras superiores a R$ 300 mil em um ano. O escárnio ajuda a explicar a submissão dos generais ao capitão indisciplinado. Assim como Bolsonaro, Chávez, um coronel golpista, chegou ao poder pelo voto. No início, simulou respeito às instituições. Aos pouquinhos, corroeu a democracia por dentro. Comprou os militares, anulou o Legislativo, calou a imprensa e cooptou o Judiciário. Milícias bolivarianas armadas pelo governo vigiam e amedrontam a população.

Qualquer semelhança com o projeto político de Bolsonaro não é mera coincidência. A milícia bolsonarista, por ora, opera apenas em ambiente virtual. Simultaneamente, o governo civil mais militar da história arma a população. Bem pagos, os generais bolsonaristas compartilham com o capitão a mesma aversão à imprensa, ao Judiciário e ao sistema eleitoral. Bolsonaro deve recitar o CPF e o RG diariamente diante do espelho para ter a certeza de que é ele mesmo quem preside o Brasil, não um impostor venezuelano.

Por Josias de Souza

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