quarta-feira, 4 de maio de 2022

Agenda do Poder desafia a sanidade nacional



O brasileiro que perde tempo acompanhando o noticiário produzido nos últimos dias na Praça dos Três Poderes assiste a uma coreografia desconexa. Nela, os elefantes da República giram a redor de uma agenda fabricada por Bolsonaro de costas para as prioridades do brasileiro. Nos penúltimos movimentos, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, reuniu-se com o mandarim do Senado, Rodrigo Pacheco; e com o ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira. Falaram sobre a eletrificação da democracia e o risco de crise institucional. Ainda não se deram conta, mas o Brasil real está em outra dimensão.

São três os principais tópicos da agenda que desafia a sanidade nacional: 1) A discussão sobre a segurança de urnas eletrônicas que funcionam há 26 anos sem jamais ter apresentado um mísero caso de fraude; 2) A interpretação delinquente do artigo 142 da Constituição, que faria das Forças Armadas uma espécie de Poder Moderador da República, com poderes para realizar uma apuração paralela das urnas de 2022; 3) O debate para decidir se Daniel Silveira é um cupim da colônia bolsonarista, do tipo que rói a democracia por dentro, ou um herói da resistência contra a tirania do Judiciário.

No momento, faltam dinheiro, emprego e alimentos baratos. Todos sabem que Bolsonaro fabrica confusões para desviar as atenções da crise real. Mas a demonização do presidente tornou-se desimportante. Ainda que no dia 1º de janeiro de 2023 assuma o trono um presidente oposicionista, as dívidas dos brasileiros não sumirão, os empregos não aparecerão e os supermercados não remarcarão os preços para baixo apenas porque o eleito fala mal do antecessor.

Coube ao presidente da Câmara, Arthur Lira, esclarecer o sentido do balé que Brasília oferece ao país. "Vamos encontrar uma saída negociada para aliviar um momento de pressão e tensão", disse abafador de pedidos de impeachment. Depois que Bolsonaro entregou ao centrão a alma do governo e a chave dos cofres, as ameaças de ruptura institucional tornaram-se um grande negócio para os operadores do grupo. Ou seja: os elefantes da República dançam a coreografia da enganação.

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