sábado, 28 de maio de 2022

Imagino que Bolsonaro não dormiu após resultado do Datafolha, ironiza Lula



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (27), em tom de ironia, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não deve ter dormido após o resultado de pesquisa Datafolha divulgada no dia anterior.

"E vocês viram a pesquisa ontem. Eu imagino, Alckmin, que o Bolsonaro não dormiu ontem à noite. Imagino que ele falou ‘que desgraça esse Lula tem? Que desgraça que a gente faz fake news contra ele todo o dia, a gente mente contra ele’", disse o petista.

A pesquisa apontou que o ex-presidente tem 21 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro e lidera a disputa presidencial com 48% das intenções de voto no primeiro turno, ante 27% do principal adversário.

No segundo turno, Lula marca 58% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro chega a 33%, ainda segundo a pesquisa Datafolha.

Nele, Lula criticou Bolsonaro, afirmou que os movimentos sociais devem cobrar os governos e voltou a atacar a responsabilidade fiscal.

"É preciso inverter. Em vez de discutir responsabilidade fiscal para garantir dinheiro ao banqueiro, temos que discutir responsabilidade social para pagar a dívida que temos com o povo trabalhador", disse.

Lula criticou ainda a inflação, o preço da gasolina e se colocou contra privatizações. "Não adianta o presidente ficar jogando a culpa na Petrobras, na guerra da Ucrânia. O preço do combustível e metade da inflação deste país é única e exclusivamente da responsabilidade de um desgoverno que temos neste país. E que agora quer privatizar tudo o que este país construiu em nome do povo brasileiro".

Ainda em sua fala, Lula afirmou que, em um eventual governo, irá "acabar com essa história de garimpo ilegal em terras indígenas".

O petista também afirmou que o processo eleitoral não será fácil e que não estão enfrentando um adversário, mas sim "alguém que é perigoso, com comportamento que não é democrático".

"Ele vive de ofender instituições, dizendo que só Deus vai tirar ele de lá. Eu quero que ele saiba que o povo é a voz de Deus e o povo vai tirar ele de lá", disse.

"Se preparem, não tem descanso, não tem trégua, a gente vai ter que trabalhar nas redes sociais, nos movimentos sociais, no bairro onde gente mora, no local onde a gente trabalha e na Igreja que a gente frequenta. Não vamos poder parar, porque se a gente parar a gente pode ter dificuldade de ganhar", continuou Lula.

Antes de começar o seu discurso, o petista organizou um jogral para ser gravado e enviado ao candidato esquerdista Gustavo Petro, que disputa a Presidência na Colômbia. "Não gosto de dar palpite de política em outro país, mas queria pedir para vocês se colocarem de pé, junto a mim, para a gente gravar esse jogral", disse.

Lula defendeu o voto em Petro. "Para que a partir de outubro Colômbia e Brasil possam se unir junto a outros países da América do Sul e construir uma América do Sul forte com integração política, econômica e cultural, para que tenhamos um bloco muito forte para negociar com os outros blocos do mundo inteiro", disse.

O ex-presidente estava acompanhado da esposa, a socióloga Rosângela da Silva; do ex-governador Geraldo Alckmin, que será vice em sua chapa; e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. ​

O ex-governador também criticou Bolsonaro. "É assim que se faz programa [de governo]. Não é fazendo motociata nem subindo em lancha e iate, mas é junto do povo. Aqui se constrói o programa de um governo democrático e popular onde os movimentos terão voz e terão vez", disse.

"Não é que o Bolsonaro não confia nas urnas eletrônicas. Ele não confia é no voto dos brasileiros, porque ele sabe que ele não merece um outro mandato (...) Chegou o tempo da esperança, chegou o tempo de Lula presidente", seguiu o ex-governador.

Antes de os dois discursarem, uma série de lideranças tomou o microfone para falar. Simone Nascimento, da coordenação nacional do Movimento Negro Unificado, pediu um minuto de silêncio em homenagem a Genivaldo de Jesus Santos, morto por asfixia em uma ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na quarta (25), na cidade sergipana de Umbaúba.

Lula, Alckmin e todos os que estavam no palco se levantaram e seguraram cartazes que diziam "Justiça por Genivaldo". O petista não citou o caso em seu discurso.

No evento, o ex-presidente recebeu um documento assinado por mais de 80 entidades com propostas para o país divididas em dez temas, entre eles trabalho, emprego e renda, segurança pública e meio ambiente.

Entre as medidas propostas no texto estão a revogação das reformas trabalhista e previdenciária e do teto de gastos e a criação de uma política emergencial de combate à fome.

Antes de o evento começar, Janja subiu ao palco para cantar uma música acompanhada da banda que estava no local. Em outro momento, ao som de "Anunciação", de Alceu Valença, tocado pela banda, Alckmin, Lula e Janja dançaram.


Também estavam presentes nomes como o ex-senador Eduardo Suplicy, os deputados federais Carlos Zarattini e Paulo Teixeira, o deputado estadual Emídio de Souza e o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros.

Gleisi afirmou que, pela primeira vez, uma candidatura terá apoio da "unidade do movimento popular, do movimento sindical e de praticamente todo o campo progressista da política brasileira".

A líder indígena Sônia Guajajara fez um apelo ao ex-governador em sua fala. "Geraldo Alckmin, nós queremos confiar em você. Que você seja um amigo fiel e esteja ao lado de Lula para sempre. Nós não vamos mais admitir um novo golpe neste país", disse.

No Rio Grande do Sul, o PT foi informado pela ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PC do B) sobre a desistência dela de concorrer a uma vaga ao Senado pelo estado.

No comunicado feito ao partido, ela afirmou ser vítima de violência política e disse temer pela segurança de sua família, que, segundo ela, tem sido alvo de ameaças e perseguição por parte de bolsonaristas.

Na Folha

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