Se apenas número fosse argumento — e, no caso, há muito mais do que isso — , poder-se-ia parar por aqui: houve quatro manifestações de porte no país desde a posse de Jair Bolsonaro: duas da esquerda e duas da direita. Em ambas, os adversários do governo levaram vantagem. No dia 15 de maio, milhares de pessoas protestaram principalmente contra o corte de verbas na educação em ao menos 222 cidades. Os bolsonaristas responderam no dia 26 daquele mês com uma manifestação de fôlego, sim, mas mais modesta: registraram-se protestos em 156 municípios. No dia 30, ainda com foco na educação, mas também mirando na reforma da Previdência, os cinquenta tons de vermelho voltaram a ocupar as ruas: em 136 cidades. Neste domingo, bolsonaristas, moristas, golpistas — havia cartazes pregando, afinal, que os soldados tomassem o Supremo — se manifestaram em 88 cidades. Todos esses números finais são do Portal G1, que, parece-me, fez o levantamento mais amplo. Não vê quem não quer ou quem decide brigar com a realidade: há uma evidente perda de tônus cívico — ou "incívico", se me permitem o neologismo — na direita e na extrema-direita.
Por Reinaldo Azevedo
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