sexta-feira, 5 de julho de 2019

Relator da reforma se vinga de crítica de Guedes



Acusado por Paulo Guedes de abortar a nova Previdência, o relator da reforma, deputado Samuel Moreira deu o troco no ministro da Economia. Após a aprovação do texto-base do seu relatório na comissão especial, o parlamentar declarou que a mexida previdenciária "não resolve tudo". Sem mencionar Guedes, cobrou: "O governo tem que ter um programa." 

"O que nós vamos fazer é tentar promover um alicerce para que o governo tome outras atitudes, mas vai depender do governo", acrescentou Samuel Moreira (PSDB-SP). "Tem que ter um programa na Saúde, na Educação, de crescimento econômico." 

De passagem pela capital paulista, Paulo Guedes celebrou a aprovação do texto de Samuel Moreira. Previu um desfecho rápido. "Eu acredito que a Câmara vai aprovar ainda antes das férias. (…) Eu confio no Congresso brasileiro". 

Há 20 dias, o tom de Guedes era outro. Quando a primeira versão do relatório de Samuel Moreira veio à luz, o ministro bateu na altura da linha da cintura. Disse que os deputados "mostraram que não há compromisso com as novas gerações. O compromisso com os servidores públicos do Legislativo foi maior do que o com as novas gerações. (…) Eu acho que houve um recuo que pode abortar a Nova previdência."

Nesta quinta-feira, coube a Samuel Moreira fustigar o ministro. Fez isso ao desqualificar o pedido de Jair Bolsonaro para abrandar as regras de aposentadoria de corporações policiais. Antes da votação de uma emenda que atendia aos desejos do presidente, o relator foi à forra: "A gente tem que reconhecer o trabalho da segurança, mas a gente tem que ser a favor de um orçamento. Eu considero esse destaque a destruição da reforma." 

Samuel Moreira, o presidente da Câmara Rodrigo Maia e os líderes do centrão ficaram incomodados com o silêncio de Guedes diante da recaída corporativista de Bolsonaro. Avaliaram que a coragem do ministro da Economia revelou-se uma estranha qualidade, uma estranha qualidade, que lhe falta justamente no momento em que seria mais necessária.

Por Josias de Souza

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