segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Wikileaks: Brasil prende terroristas em segredo

De acordo com documentos confidenciais da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, governo brasileiro é relutante em assumir ações antiterror

Documento revelados pela Wikileaks nesta segunda-feira (29) - como parte do vazamento de telegramas confidenciais das embaixadas americanas -, afirmaram que o governo brasileiro, embora seja relutante em assumir essa posição, trabalha em parceria com os Estados Unidos para prender terroristas no país. Segundo as informações, a Polícia Federal, a Receita Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) trocam informações com agências americanas.

“O governo brasileiro é um parceiro no combate ao terrorismo e atividades relacionados com o terrorismo. No entanto, os níveis mais altos do governo brasileiro, particularmente o Ministério das Relações Exteriores, são extremamente sensíveis a quaisquer afirmações públicas de que há terroristas no Brasil”, afirma um telegrama secreto enviado da embaixada americana em Brasília no dia 8 de janeiro de 2008.

De acordo com o telegrama, “nos últimos anos, a Polícia Federal prendeu vários indivíduos suspeitos de financiar terrorismo”, mas essas prisões foram feitas com acusações envolvendo drogas e problemas alfandegários. O documento também afirma que o Brasil participa "relutantemente" de reuniões anuais com EUA sobre a segurança na fronteira com a Argentina e o Paraguai.

O telegrama cita dois exemplos. Em 2007, a PF teria prendido um sunita suspeito de envolvimento com terrorismo em Santa Catarina sob acusação de entrar no país sem declarar fundos. A operação Byblos, que no mesmo ano desarticulou uma quadrilha que falsificava documentos de nacionalidade brasileira para cidadãos árabes, também é citada como exemplo de combate ao terrorismo.

Em um telegrama mais recente, de 31 dezembro de 2009, uma diplomata cita como exemplo do trabalho brasileiro contra o terrorismo a prisão de um integrante da Al Qaeda em São Paulo. O libanês “Senhor K.” foi detido sob acusação de racismo em uma investigação sobre células nazistas, mas segundo o documento da embaixada americana, ele coordenava uma célula de comunicação e recrutamento da Al Qaeda em São Paulo.

Um outro documento, de 5 de maio de 2005, fala de um almoço entre o general Jorge Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, e o então embaixador americano John Danilovich, que ficou no cargo até 2006. Felix teria dito que era importante que as operações fossem “devidamente embalados de forma a não refletir negativamente na orgulhosa e bem-sucedida comunidade árabe no Brasil”.

A WikiLeaks obteve 1.948 documentos, dos quais apenas seis já foram divulgados. Segundo o site da organização, os telegramas mostram “como os diplomatas americanos realmente veem o Brasil” e “como a embaixada faz lobby pelos interesses dos EUA, desde petróleo até a venda de equipamentos militares”.

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