A campanha mal começou e já há um clima de tensão no ar, com troca de acusações e ameaças de dossiês sendo brandidas. Além de revelar um hábito político recorrente nas campanhas, o que revela também o espírito autoritário, o ressurgimento desse submundo da política é o efeito colateral do clima de vale tudo que postura do presidente da República suscita.
Lula se coloca à frente de seu pelotão dando a orientação da estratégia desde o início do processo, que ele antecipou em anos para poder viabilizar uma candidata literalmente inventada por ele, que vem sendo reconstruída pelo caminho com bons resultados, diga-se de passagem.
Ora, se o comandante declara que a prioridade de seu governo é eleger a sucessora, sem o que não considerará sua tarefa bem cumprida, e para alcançar esse objetivo não se incomoda de infringir a lei, não há limites para a atuação dos subalternos.
O empenho em fazer a sucessão parece excessivo, e o Ministro do Supremo Ayres Britto, em voto favorável à punição de Lula por propaganda antecipada, classificou de "anti-republicano" um projeto de poder que inclui eleger o sucessor: "Quem se empenha em fazer o seu sucessor, de ordinário, pensa em se tornar ele mesmo o sucessor de seu sucessor”.
Uma coisa é considerar obsoleta, ou até mesmo hipócrita, a legislação eleitoral, outra muito diferente é desrespeitá-la.
Outra mais diferente ainda é abusar do poder político para influir no resultado da eleição a favor de sua candidata.
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