quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Eduardo Bolsonaro emplaca padrinho de casamento em cargo na comunicação do governo


Luiz Henrique Trombetta Barbosa será chefe de gabinete na Secretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secoi). Foto: Davi Nascimento/Divulgação

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "Zero Três" do presidente Jair Bolsonaro (PL), conseguiu emplacar um padrinho de casamento em um cargo de confiança no Ministério das Comunicações, comandado pelo ministro Fábio Faria. Servidor de carreira do Ibama e até então coordenador-geral de Administração do órgão, Luiz Henrique Trombetta Barbosa passará a despachar como chefe de gabinete na Secretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secoi).

O órgão vinculado à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) é responsável por gerenciar o relacionamento do governo com formadores de opinião nacionais e internacionais, bem como por divulgar programas e ações do governo. Desde o início do mandato de Bolsonaro, a área de comunicação é alvo dos filhos do presidente, que entraram em embates com a ala militar, inicialmente responsável pelo setor. Ainda no período de transição, Bolsonaro chegou a anunciar que poderia colocar o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho "Zero Dois", para comandar o setor, mas recuou diante da possibilidade de a nomeação poder ser enquadrada como nepotismo. Agora, Eduardo apadrinhou o próprio padrinho para assumir uma vaga na pasta.

Na foto abaixo, tirada no casamento de Eduardo Bolsonaro, Barbosa é o segundo da fileira superior, da esquerda para a direita, ao lado de Carlos e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o "Zero Um". O padrinho de Eduardo é também considerado homem de confiança de Carlos.

A nomeação já foi oficializada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 25. "Vou trabalhar com o Mateus Colombo Mendes", disse Barbosa ao Estadão, em referência ao chefe da Secoi. Em seguida, afirmou não poder dar mais detalhes e desligou o telefone. Questionado sobre sua formação acadêmica e se tem alguma expertise para ocupar o cargo, bloqueou a reportagem no WhatsApp.

O padrinho de casamento de Eduardo Bolsonaro é técnico administrativo do Ibama desde 2013. Em 15 de setembro de 2021, foi alçado à Coordenação-Geral de Administração, cargo de confiança que tem salário bruto de R$ 11.728,81, de acordo com informações de novembro publicadas no Portal da Transparência. Agora, ele será alocado na área de comunicação do governo em cargo semelhante.

A chegada de um servidor ligado à família Bolsonaro à comunicação do governo ocorre no momento em que o comitê de campanha do presidente da República, que quer disputar a reeleição, estuda ajustes nas estratégias eleitorais. Sob a liderança de Carlos, a campanha digital do chefe do Executivo deu mais um passo ao lançar a Bolsonaro TV, um aplicativo que reúne postagens do presidente em diferentes redes sociais.

Apadrinhamento. Desde que entrara em um concurso no Ibama, em 2013, Luiz Henrique Trombetta Barbosa esteve restrito a atuações simples de um técnico administrativo, como organização de dados e tabelas e serviço de secretariado. Suas promoções internas para cargos comissionados, ou seja, funções de confiança que dependem de nomeações, só passaram a ocorrer a partir de 2019, na gestão do governo Bolsonaro.

Em abril de 2019, Barbosa assumiu a função de chefe da Divisão de Administração e Finanças do Ibama, nível conhecido como “DAS-2”. Em dezembro daquele ano, subiu mais um degrau e passou a ser o coordenador de Gerenciamento de Contratos do Ibama, já um DAS-3.

Em setembro do ano passado, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, decidiu dar um novo posto ao servidor, e Barbosa passou a ser o coordenação-Geral de Administração do Ibama, um cargo DAS-4 e que, na prática, cuida de quase todas as áreas de compras do órgão federal. Acima deste cargo há apenas a diretoria da divisão e a presidência do Ibama.

Barbosa, porém, só passou quatro meses nesta função. Dentro do Ibama, a avaliação de quem trabalhou com ele é de que o servidor não tinha preparo para assumir o posto e que sua ascensão deve-se às indicações políticas da família Bolsonaro.

Mateus Colombo Mendes foi procurado pela reportagem por e-mail e telefone para comentar a nomeação de seu novo subordinado, mas não retornou aos contatos. A assessoria de imprensa de Eduardo Bolsonaro disse estar em recesso e não ter conhecimento da informação.

No Estadão

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