sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Apreensão de discurso golpista adorna o Waterloo de Bolsonaro



A Polícia Federal apalpou na batida de busca e apreensão que realizou na sede do Partido Liberal, em Brasília, um presente inesperado. Os agentes recolheram na sala reservada a Bolsonaro um documento com aparência de discurso. Contém o anúncio de um estado de sítio e de um decreto instituindo uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem, a GLO. A peça deu ao provável dono a aparência de uma espécie de Napoleão suicida, que oferece aos investigadores as pistas que levarão ao seu Waterloo criminal.

O estado de sítio é um remédio constitucional reservado a situações excepcionais. Entre elas uma "comoção grave de repercussão nacional". Permite a adoção de medidas extremas. Coisas como suspensão da liberdade de reunião, restrições à liberdade de imprensa e requisição de bens. A GLO autoriza o uso das Forças Armadas para conter perturbações da ordem pública. Só um Napoleão de hospício, protagonista de múltiplos inquéritos na Suprema Corte, presentearia a PF com um documento desse teor.

Um dos elementos que fundamentaram a decisão de Alexandre de Moraes de enviar a PF às ruas nesta quarta-feira foi um vídeo inusitado. Nele, há imagens de uma reunião em que Bolsonaro traçou com cúmplices civis e militares a estratégia de difusão de mentiras sobre o sistema eleitoral. É nessa peça que soam as propostas vadias do general Augusto Heleno de "virar a mesa antes da eleição" e infiltrar espiões da Abin nas campanhas rivais. É como se Bolsonaro tivesse planejado com esmero sua própria imolação.

Noutra reunião esquadrinhada pela PF, adotando o mesmo comportamento de um Napoleão se descoroando, Bolsonaro imprimiu as digitais num decreto golpista. Encomendou a edição do texto. Aprovou-o na sequência. Fez tudo isso na frente do faz-tudo Mauro Cid, hoje convertido em delator. Nesse contexto, a declaração recolhida na sede do PL reforça o caráter didático do golpismo. Ficou entendido que o discurso seria lido na sequência do golpe.

Diz o texto: "Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o estado de sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem."

Na prática, embora faça pose de vítima de perseguição, Bolsonaro tornou-se um imperador autossuficiente. Ele mesmo conspira, ele mesmo documenta a trama, ele mesmo produz o rastro que leva os investigadores às provas. Ao meter-se no hospício do golpismo, o capitão virou um duque de Wellington de si mesmo. Alexandre de Moraes e a Polícia Federal apenas surfam na onda de evidências que invade o inquérito.

5 comentários:

AHT disse...

A História registra nações subjugadas por ditadores cruéis, psicopatas e até mesmo estultos levados ao poder graças aos momentos de estultice coletiva e atuações de oportunistas da pior espécie.


ESTULTICES

Enquanto uma nação enxerga inexistentes
Sabedoria e virtudes em um estulto, é
Tempo para os lúcidos tomar a palavra e,
Urgentemente, chamar os iludidos à razão:
Levas de cidadãos contaminados pela estultice,
Todos vítimas do fanatismo, da ilusão que os seduz.
Incrível, mas esse quadro nada surreal acontece e
Cativa, convence e consegue o apoio de muitos.
E, se confirmado nas Urnas, o final será: a nação
Será humilhantemente punida; ao povo, a vergonha.


AHT
09/02/2024

AHT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AHT disse...

Cinco Mandatos Presidenciais Recentes

Lula, eleito, reeleito, cedeu a cadeira a Dilma, apesar do escândalo do Mensalão, com o PT elevado a sinônimo de corrupção. O poder e a influência política conseguiram amenizar as acusações contra os denunciados e condenados. Absurdamente, Lula conseguiu eleger Dilma, a "gerentona de sua confiança", com a expectativa de retornar à presidência. A história não seguiu seu plano. Devido ao Petrolão, envolvendo imóveis "presenteados" a ele, foi pego pela Lava Jato, condenado e preso. No entanto, ações obscuras o livraram da prisão, e ele foi eleito presidente do Brasil pela terceira vez. Muitos não conseguem entender como isso foi possível.

Dilma, eleita e reeleita, foi impichada. Seu governo foi um fracasso cheio de crises em meio ao escândalo do Petrolão. É difícil acreditar, mas o Brasil foi entregue nas mãos e na mente de alguém totalmente fora de sintonia com a realidade. Lula deveria ser responsabilizado por tudo isso. O sucessor de Dilma após o impeachment foi seu vice-presidente, Michel Temer, que acabou envolvido em denúncias de corrupção e até passou um tempo na prisão. Durante esse período, o ex-presidente Lula foi condenado, preso e agora está livre para enfrentar o que vier. A Lava Jato é coisa do passado para os acusados, condenados, aliados e até oponentes interessados, assim como seus defensores competentes e caros. Os governos de Lula e Dilma levaram o Brasil a um retrocesso do qual a recuperação levará décadas.

Bolsonaro, eleito e não reeleito, devido ao seu governo conflituoso influenciado pelo extremismo do negacionismo, omissões e decisões absurdas que causaram sérias consequências durante a pandemia da Covid-19. Aparelhou ministérios e seus órgãos com o objetivo de desmantelar avanços em áreas críticas, principalmente a ambiental, com consequências desastrosas. Assim como nos governos de Lula e Dilma, houve influência não republicana em certos cargos-chave de outros poderes. Um acordo com o Centrão em troca do "orçamento secreto", uma fonte de verbas que saciou as raposas parlamentares. Além disso, criou um ambiente favorável à união de políticos de matizes opostos, mas com interesses em comum. Eles conseguiram reverter avanços na luta contra a corrupção e outros crimes. Em resumo, Bolsonaro continuou com a velha política, com seus vícios e defeitos sufocando virtudes, acentuando o declínio do Brasil, claramente evidenciado a partir de 2003.


AHT
03/11/2022

AHT disse...

'Esta cadeira estar comigo é uma cagada', disse Bolsonaro


Incrivelmente, ocorreu praticamente o impossível: um lampejo de consciência e, enfim, o Bolsonaro reconheceu que a sua eleição para presidente foi uma fenomenal CAGADA feita pelos eleitores que acreditaram nele em 2.018.

O general Braga Neto gostou do fétido termo que saiu da boca do Bolsonaro e passou a ofender os generais que não toparam aderir ao golpe, chamando-os de cagões.

Brasil zil zil zil!...

AHT disse...

Quando um rebelde e medíocre ex-capitão comanda generais medíocres... o que poderemos esperar?