sábado, 19 de outubro de 2024

Globo conquista 34 prêmios no GEMA Awards, principal evento de marketing de televisão do mundo

 



A área de promo da TV Globo levou 5 troféus de ouro e um de prata na premiação global.

A área de promo da TV Globo levou cinco troféus de ouro e um de prata na premiação global. Entre os ouros estão a chamada de divulgação do filme “O Som do Silêncio” e uma das chamada da campanha das Olimpíadas de Paris.

O time de marketing dos produtos digitais conquistou dois bronzes na premiação global com o trailer sem imagem para divulgar a novela "Todas as flores" e com ligações nunca atendidas - "Boate Kiss: a tragédia de Santa Maria".

No G1

Jornal Hoje 19/10/2024 Sábado Completo

 

Jornal Nacional 18/10/2024 Sexta Feira

 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Xandão obriga Musk a tragar democracia contra a gritaria do colunismo chulé

 



O É da Coisa de 09/10/2024, com Reinaldo Azevedo

 

Jornal Nacional 08/10/2024

 

Marçal é dejeto do esgoto político da anistia a golpistas e caça a Moraes




Nesta terça, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara volta a se debruçar sobre um pacote de inconstitucionalidades para tentar acuar o Supremo. Antes que volte a esse ponto, uma digressão.

A DIGRESSÃO
Em outros tempos, alguém como Pablo Marçal não teria irrompido na política com tanta facilidade, desfaçatez, arrogância e zombaria. E por que ele o fez? Porque achou que podia. E o ponto a que chegou indica que procedeu a uma correta avaliação de riscos. Apostou que não enfrentaria contratempos -- no que lhe deram razão o Ministério Público Eleitoral e o Tribunal Regional Eleitoral em São Paulo.

Se não pretenderam ser ou parecer lenientes, devemos advertir os integrantes de tais entes: vocês fizeram um esforço danado para simular descaso, prevaricação e conivência. O sistema de Justiça depende de disposições objetivas — a existência de leis — e das subjetivas: o dever-agir.

Marçal não passou para o segundo turno por muito pouco, o que não é razão para que deixe de responder pelos crimes que cometeu, inclusive os eleitorais. Se restar impune, fará outra vez. E outros incidirão nas mesmas práticas. É bom que não nos esqueçamos: ainda que derrotado no primeiro turno, ele é um vitorioso no jogo ao qual se dedica. Todos vimos, nesta segunda, Ricardo Nunes — a quem o buliçoso rapaz apelidou "Bananinha", prometendo que se mobilizaria para mandá-lo para a cadeia — a pedir o seu apoio, deixando claro que o perdoava por seus erros. Nunes perdoe quem quiser. O Ministério Público e a Justiça têm de fazer o que lhes demanda a Constituição.

Ou é isso, ou, então, vamos começar a brincar de pôr a cabeça na forca. Já sabemos que, atrás de um Jair Bolsonaro, vem um Pablo Marçal. E se pode presumir o que sucederia a Marçal se um epígono julgar que o mestre foi bem-sucedido na trapaça.

Há que se ter a vergonha na cara de fazer valer a lei.

Fim da digressão.

DE VOLTA AO PONTO
Afastei-me um tanto do objeto do texto para iluminar a questão. Comecei a minha digressão afirmando que, "em outros tempos", alguém como Pablo Marçal não teria tamanha ousadia. E que dias são estes, propensos a tal aberração?

São aqueles em que membros da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara — a começar de sua presidente, Caroline de Toni (PL-SC) — defendem um projeto de lei de anistia para os golpistas que, se aprovado for, será inédito para a história das anistias.

O texto original é do hoje ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO). Anistiava os que cometeram crimes ligados às eleições a partir de 30 de outubro, quando tiveram início as obstruções de estradas. Nas mãos do relator, Rodrigo Valadares (União-SE), transformou-se numa peça ainda mais absurda: a anistia se estenderia aos crimes de 8 de janeiro de 2023 e posteriores, desde que relacionados àquela movimentação política pós-resultado das urnas. E também seriam beneficiados quantos vierem a delinquir até a promulgação da lei.

É evidente que se trata de um lixo inconstitucional. Se aprovado for pelo Congresso, será mandado para o lixo pelo Supremo. Vejam aí: entenderam como Marçal não chega a ser um ET no ambiente político em curso? Ele, é verdade, inova um tanto nos métodos, com seus truques baratos — e muitos, infelizmente, seduzem os incautos — da tal da "economia da atenção". Mas, em essência, é uma personagem que pertence a essa caterva que compõem parte do Congresso.

A lista de propostas que mira o tribunal é grande. Ao Globo, a tal Caroline não se vexa:
"Vamos votar o projeto da anistia e o pacote anti-STF na CCJ até o final do ano, independentemente de aprovar ou não, e que vença quem tiver mais votos."

Perceberam? A presidente da CCJ fala de "pacote anti-STF" sem nenhum constrangimento, o que corresponderia a um ministro do tribunal conceder uma entrevista afirmando: "Estamos aqui com um pacote anti-Congresso; que vença quem tiver mais votos".

Tenho certa nostalgia do tempo em que esse tipo de pensamento virava, sim, objeto de notícia porque notícia é, mas jamais seria normalizado na imprensa como, sei lá, "uma das vozes da nossa pluralidade", a exemplo do que têm feito alguns por aí. Seria barrado no mata-burro.

ENCERRO
Marçal, que tem de ser contido, junto com outros criminosos, pode ser visto como emblema de um tempo em que parte considerável do pensamento que se quis conservador um dia -- e o conservadorismo só é compreensível numa democracia se conservar instituições -- se transformou numa raivosa ladainha reacionária contra quem teve e tem a coragem de acionar as defesas do estado de direito para conter o golpismo. Não por acaso, Moraes foi o único, dada a palavrosa inércia geral, a realmente enquadrar Marçal. Enquadrar em quê? Na lei, que estava à disposição dos que não prevaricam.

Aprovem a anistia! Não vejo a hora de aplaudir o STF diante da declaração de sua inconstitucionalidade. Se e quando acontecer, demonstrarei que eu estava certo sobre a caterva. E também sobre o tribunal.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

JORNAL DA BAND - 26/09/2024

 

Câmera em farda mostra PM matando suspeito rendido com tiros à queima-roupa; vídeo mostra momento


Câmara acoplada na farda mostra o cabo da Polícia Militar Rafael Castanho Freitas matando um suspeito já rendido com dois tiros à queima-roupa, disparados na direção da cabeça do homem, em abordagem em Guarulhos (SP) na noite de 3 de agosto. 

O É da Coisa de 26/09/2024, com Reinaldo Azevedo

 

Debate com os candidatos a prefeito de Caçapava

 

Reinaldo: Deputado de PL apelidado de “dos estupradores” agora chantageia eleitores abertamente

 

Jornal Nacional 25/09/2024 Completo Quarta Feira


quinta-feira, 19 de setembro de 2024

JORNAL NACIONAL 19/09/2024 Quinta Feira Completo

 

JORNAL DA BAND - 19/09/2024

 

Elon Musk brinca de Tom & Jerry

 


Elon Musk escondeu na nuvem o portal de acesso à rede X, reabrindo o acesso dos brasileiros a uma plataforma que Alexandre de Moraes mandou bloquear. Simultaneamente, começaram a ser desativados perfis bolsonaristas que continuavam no ar à revelia da suspensão ordenada por Moraes.

É como se Musk convidasse Moraes para uma brincadeira de Tom & Jerry. O bilionário esboça rendição ao mesmo tempo em que desafia o seu algoz, sinalizando que dispõe de múltiplos buracos para a fuga.

Em nota, a empresa disse que o X foi reativado no Brasil por ação "involuntária". Num post, Musk gargalhou por dentro: "Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia", anotou. Em decisão relâmpago, Moraes impôs ao X multa de R$ 5 milhões por dia de vigência de duração da mágica, informa Reinaldo Azevedo.

Com uma mão, Musk tirou do ar bolsonaristas como Allan dos Santos e Paulo Figueiredo. Com a outra, fez chegar a boa-nova a Bolsonaro, permitindo que o "mito" do pau oco derramasse no cristal líquido do X um textão com críticas a Moraes e elogios ao dono da rede. Coisa planejada e bem escrita. Nada a ver com os garranchos de Carluxo.

Nesse jogo de gato e rato, Musk ri muito. Mas cumpre, em conta-gotas, as ordens de Xandão. Na semana passada, pagou na marra R$ 18 milhões em multas. Começa a tirar do ar perfis bolsonaristas que o Supremo considera tóxicos. Falta indicar um representante do X no Brasil. Alguém que possa receber as muitas intimações judiciais que Tom ainda terá que mandar entregar ao Jerry.

BC sobe os juros e Lula não tem mais 'esse cidadão' para chutar


Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo

O silêncio de Lula foi a reação mais eloquente à decisão do Banco Central de elevar os juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75%. Entre agosto de 2023 e maio deste ano, a taxa caiu de 13,75% para 10,5% ao ano. Lula reclamou incessantemente. Queixou-se também quando os juros ficaram estacionados.

"Isso só vai melhorar quando eu puder indiciar o presidente" do Banco Central, afirmara Lula, em junho. Agora, na primeira elevação da Selic de sua gestão, ele não deu um mísero pio. Escolhido por Lula, Gabriel Galípolo aguarda aprovação do Senado. Substituirá Roberto Campos Neto em janeiro.

Na prática, a alta dos juros funcionou como uma espécie de posse antecipada de Galípolo. A decisão foi unânime. Votaram a favor, além do próprio Galípolo, outros três diretores indicados por Lula. A diretoria do BC deixou entreaberta a porta para novas altas. A próxima elevação deve ocorrer em novembro. Tudo dentro do manual.

Não se sabe quanto tempo vai durar, mas o mutismo de Lula é uma boa notícia. Primeiro porque o silêncio não trai. Segundo porque bater numa decisão avalizada por Galípolo seria como esmurrar o espelho. Lula perdeu o bode expiatório. Não tem mais "esse cidadão" pra chutar. A satanização de Campos Neto perdeu a serventia.

Reinaldo Azevedo ao vivo: Moraes multa X e Starlink, de Elon Musk; diferença de Nunes e Marçal

 

Moraes precisa abrir porta para que Elon Musk saia, mas com rabo entre as pernas, diz Maierovitch


Datena x Pablo Marçal; Moraes multa X e Starlink em R$ 5 milhões ao dia, próximo debate - UOL News

 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Marçal enfeitiçou-se com seu próprio feitiço após cadeirada




Mago dos memes e dos recortes, Pablo Marçal foi enfeitiçado pelo próprio feitiço no debate da TV Cultura. Privado pelas artimanhas do sorteio de trocar farpas com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, mais bem-postos nas pesquisas, esmerou-se nas provocações ao quinto colocado, insinuando que José Luiz Datena seria estuprador. Alvo de uma cadeirada, passou a administrar a agressão com método. Foi engolido pela esperteza.

Primeiro, Marçal esboçou a intenção de permanecer no debate após a expulsão de Datena. Chegou a esticar a troca de ofensas com seu agressor no intervalo comercial. De repente, em conversa com assessores, optou por refugiar-se nas redes sociais, seu habitat natural. Deixou-se filmar no interior de uma ambulância e no leito do hospital Sírio-Libanês. Exibiu as imagens na internet em meio à tese segundo a qual a cadeirada seria uma repetição dos atentados sofridos por Bolsonaro, em 2018, e Donald Trump, há pouco mais de dois meses.

Num dos vídeos que postou, Marçal exibia uma pulseira verde no pulso. O adereço identifica pacientes sem gravidade. De madrugada, enviou mensagem para o WhatsApp de Datena. Nela, escreveu: "Você fraturou minha costela, cara". O marketing da cadeirada foi pulverizado num boletim divulgado pelo Sírio-Libanês na manhã desta segunda-feira. Marçal sofreu traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, "sem maiores complicações associadas", informou o hospital, dando alta ao candidato.

Percebendo que havia micado o plano de migrar da posição de encrenqueiro profissional para a de vítima, Marçal recalibrou rapidamente o discurso. Em entrevista, retomou o discurso belicoso. Queixou-se da falta de solidariedade dos adversários. Às vésperas de um novo debate, que será levado ao ar pela Rede TV e pelo UOL na manhã desta terça-feira, Marçal declarou-se pronto para a guerra. Aprendeu da pior maneira um velho ensinamento de Tancredo Neves: a esperteza, quando é muita, engole o dono.

O episódio engolfou também o processo eleitoral paulistano. O histrionismo de Marçal e o descontrole emocional de Datena transferiram a disputa do caos para o pântano. Os conflitos já não são dirimidos no âmbito da Justiça Eleitoral, mas na delegacia de polícia. No limite, a própria democracia escorrega no lodaçal.

Ironicamente, Marçal acenara com uma trégua em mensagens enviadas ao celular de Datena 48 horas antes do debate de domingo. Numa das mensagens, Marçal desculpou-se: "Oi, Datena, me perdoe pelas palavras pesadas contra você". Noutra, escreveu: "Tenho sentido que somos animais num zoológico e todos querem ver agressões gratuitas". Em ligação telefônica, um assessor de Marçal sugeriu um encontro. Farejando o que estava por vir, Datena refugou a oferta.

Costuma-se dizer que um macaco senta no próprio rabo para falar mal do rabo dos outros. Ao cobrar serenidade de Datena depois de fustigá-lo na noite de domingo, Marçal estava sentado em cima do seu próprio cinismo. Vivo, Charles Darwin diria que a campanha municipal de São Paulo é a prova de que o ser humano parou de evoluir. Pior: Faz o caminho inverso, rumo às cavernas.

Cadeiradas que importam serão desferidas pelo eleitor, na urna



Os debates eleitorais de São Paulo são tão violentos que a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal parece uma cena de mutilação democrática destinada a descansar o espectador para coisas mais fortes que estão por vir. O diabo é que o descanso tem a duração de um intervalo comercial.

Datena foi expulso do programa. Marçal ainda voltou ao púlpito da TV Cultura. Mas preferiu transferir seu espetáculo, de ambulância, para as redes sociais. Ali, indagou: "Por que todo esse ódio?" Exagerando na pose de vítima, igualou a agressão de Datena às tentativas de homicídio contra Bolsonaro, em 2022, e Trump, neste ano.

Como cadeira não é faca nem rifle, o marketing da cadeirada serve para expor a debilidade de uma onda eleitoral que tem dificuldades para realizar o sonho de virar tsunami. Mais próximos do segundo turno, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos cuidaram de manter o debate na sarjeta.

Nunes chegou a perguntar para Boulos: "Você cheirou?" Tanto lodo deu a Marina Helena uma aparência de Irmã Dulce. E permitiu a Tabata Amaral lamentar a "postura dos homens".

Na ribalta da internet, os recortes de Marçal foram compartilhados na velocidade da luz. Ganharam as redes caretas do candidato com trilha sonora de sirene, o "M" feito com ar compungido no leito do hospital Sírio Libanês, a palavra do médico sobre uma "linhazinha de fratura" no sexto arco costal...

Datena diz que continua candidato. E Marçal manda dizer que agora é ele quem exige regras mais duras para os debates. Quer, por exemplo, seguranças no palco. Antes que seja necessário impor focinheira aos debatedores, o eleitor talvez perceba que que, numa democracia, as únicas cadeiradas que importam são aquelas desferidas por ele, nas urnas. Faltam 20 dias para para o primeiro turno. É tempo suficiente para deixar de confundir certos candidatos com candidatos certos.


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Jornal Nacional 16/09/2024 Completo Segunda Feira

 

Datena x Pablo Marçal: Reinaldo Azevedo analisa ao vivo agressão com cadeirada em debate

 

É possível fazer debate decente? Cadeirada no bom senso e tolices de gênero


Datena dá uma cadeirada em Marçal depois de ter sido desafiado pelo "coach", que disse que o outro não seria homem o bastante para bater nele

É claro que eu vou escrever sobre a "noite da cadeirada". Mas preciso do contexto.

Escrevi aqui e comentei no "Olha Aqui", neste UOL, e em "O É da Coisa", na BandNews FM e no BandNews TV, que a ABC News havia dado algumas boas lições sobre o modo de fazer um debate. Refiro-me ao confronto entre Donald Trump e Kamala Harris ocorrido na Filadélfia, no dia 10, com mediação exemplar de David Muir e Linsey Davis. Fez-se, então, um real confronto de ideias. Foi tão bom tecnicamente que Trump odiou e ameaçou processar a emissora. No Brasil, antes de se lamentar a escuridão, é preciso indagar se não se ajuda a apagar a luz.

É mais fácil, claro!, organizar um embate entre dois postulantes do que entre seis. Ainda assim, as virtudes que vejo no modelo da ABC News se aplicam. Vamos de cara ao que não funciona: candidato perguntar a candidato. Para quê? Convenham: quem pergunta não quer ouvir a resposta. Quem responde finge não ter ouvido o que foi perguntado. Os postulantes usam o tempo para dizer o que vão fazer e para desqualificar o adversário. Ou, então, assiste-se à "dobradinha": dois se juntam para atacar um terceiro.

Marçal é experimentado nas artimanhas de ação e reação. Ganhou muito dinheiro com isso. Levou ao ar uma acusação pesada, de suposto assédio sexual, contra o oponente -- caso que conta com um desmentido assinado pela própria acusadora. E o desafiou para o embate físico:
"Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar um tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso. Você não é homem".

Ao perceber que o outro erguia a cadeira para atacá-lo, não hesitou. Disse: "Vai!".

Não custa notar que "arregão" foi o adjetivo que o bolsonarismo, com vídeo reproduzido pelo próprio Jair Bolsonaro, pespegou no próprio Marçal.

É evidente que não endosso o comportamento de Datena e creio que ele próprio deve saber que passou dos limites. Mas não vou ignorar o comportamento delinquente de Marçal ao longo desse e de outros embates. Ele não comparece a esses eventos para expor propostas, defender ideias, acusar falhas em curso na gestão da cidade.

Já afirmei isto e repito: não há lei que imponha a presença num debate de um candidato que nem direito ao horário eleitoral tem porque seu partido, afinal, não tem existência de fato.

Aí cumpre que as emissoras e organizadores de debates se perguntem: "Afinal, o que queremos? Um encontro para que o público possa avaliar a qualidade das propostas dos postulantes?" Se é assim, então Marçal não pode estar presente. É simples. E há amparo na lei para impedir a sua pantomima.

Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.Quero receber

BOBAGEM
Na única vez em que tentou ser propositivo -- e se deu justamente respondendo a uma pergunta da produção sobre o que fazer com transporte público, ficou claro que Marçal não tem a menor ideia sobre... o que fazer com o transporte público. A saída? Respondeu isto:
"A gente vai recuperar a vocação dessa cidade com algumas indústrias e profissões do futuro (...) Nós vamos criar dois milhões de empregos em 1.460 dias. E quem cria não é o governo. O governo é facilitador. Essa é uma promessa que vai ser cumprida".

Só para vocês terem uma noção do tamanho do despropósito: a população ocupada na cidade, segundo o BGE, era de 6.728.485 em 2022. Digamos que seja agora de 7 milhões. Marçal promete criar o correspondente a 30% das vagas de trabalho hoje ocupadas. Trata-se de uma besteira estratosférica. Obviamente, não sabe o que diz sobre transporte, sobre emprego e sobre nada. Foi a única vez que tentou parecer propositivo. Percebeu que estava se dando mal e, então, investiu no caos.

A Internet já está infestada de vídeos com o rapaz numa ambulância, recebendo oxigênio, sabe-se lá por quê. Também circulam montagens com a facada em Bolsonaro, o tiro na orelha de Donald Trump e, agora, a cadeirada em Marçal. Só falta ele resolver dar entrevistas numa cama de hospital...

OUTRAS LÁSTIMAS
Com Datena e Marçal fora do debate, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) travaram os embates mais duros. O candidato do PSOL acusou irregularidades em contratos da Prefeitura. O prefeito, no melhor figurino bolsonarista, o acusava de ser invasor de propriedade e, assumindo o figurino de Marçal, chegou a indagar ao oponente: "Você cheirou? Você está louco, rapaz?"

Cumpre notar que o embate direto entre os dois não foi por escolha, mas por sorteio.

Tabata Amaral (PSB) resolveu impor um viés de gênero ao encontro e chegou a elogiar a bolsonarista radical Marina Helena, do Novo:
"Eu quero agradecer também à Marina por, aparentemente, ter sido a única que quis manter o nível do debate dos que restaram".

A "Maria Helena com nível", nas palavras de Tabata, já tinha apresentado a sua proposta para segurança pública. Esta:
"Eu vejo que o primeiro ponto para a gente realmente cuidar da segurança na cidade é não eleger a esquerda, que passa a mão na cabeça de bandido. Não dá, gente, para eleger aqueles que não querem que a polícia seja armada; não dá para eleger aqueles que são contra a redução da maioridade penal ou que são contra o fim da saidinha. Esse é o primeiro ponto."

Houve um outro momento de "nível" de tal senhora. Ainda no debate, Marçal afirmou que Marina Helena teria algumas coisas contra Nunes. Instou-a, então, a dizer o que ela sabia e que estaria sendo omitido pelo "consórcio comunista" da mídia. A candidata do Novo respondeu:
"Bom, Marçal, eu vejo que você não fez uma pergunta diretamente para mim, né? Eu gostaria que, às vezes, você se dirigisse diretamente a mim porque eu vejo isso com uma certa falta de respeito. Falando de Nunes, eu mostrei já no outro debate que, na rede da Prefeitura, tinha sim um programa chamado 'Saúde para Todos' e vários outros problemas que a gente vê aí com linguagem neutra, inclusive mudança de gênero para crianças. Mas, se você não tem uma pergunta para mim, Marçal, eu tenho agora uma pergunta para você muito simples: eu fui a primeira a te defender quando caíram as suas redes sociais porque eu sou contra a censura de todo tipo. Nessa manifestação do 7 de Setembro, eu fiquei com uma grande dúvida: afinal de contas, Marçal, você é a favor do impeachment do Alexandre de Moraes?

E o "coach" respondeu que é. Marina voltou à carga:
"Bom, gente, vamos lá. A direita tá cansada de ser enganada, essa é a grande verdade. A gente precisa de líderes com coragem (...). Aliás, eu cheguei na hora na manifestação do 7 de Setembro. Eu discursei no caminhão de som; depois, eu fui ao do Silas [Malafaia], e a gente estava ali por um motivo único que é o fim da censura do nosso país. É importante sim que verdades sejam ditas, e uma delas é "Fora, Xandão"!

É o puro chorume do bolsonarismo, que Tabata considerou ser "de nível". Nas suas palavras finais, a candidata do PSB insistiu no viés de gênero:
"É fato que existe um candidato que não respeita ninguém e vem tumultuando desde o primeiro debate. Mas esse candidato saiu. O Datena saiu. E, ainda assim, o nível continuou baixo. Ainda assim, os egos e os ataque prevaleceram. (...) Eu quero que você reflita comigo se esses homens, que, claramente não colocam isso [o atendimento à população] como prioridade, se eles vão ter a humidade, a seriedade para enfrentar esses problemas tão graves".

Na sequência, demonstrando que ego é mesmo um problema masculino, emendou:
"Eu venho demonstrando que me preparei, que tenho um bom time, mas acho importante dizer também que tenho muita pressa. Eu, como deputada federal, fui autora, coautora, relatora de 19 projetos que viraram lei (...).

ENCERRO
Estou certo de que as bobagens que Marina Helena disse no debate não guardam nenhuma relação com o fato de ser mulher. Têm a ver, isto sim, com o seu reacionarismo abjeto. Afinal, na única vez em que a candidata do Novo confrontou Marçal, um homem, ela o estava acusando de não ser reacionário o bastante.