Desde expulsão das domésticas da Disney, há três semanas, dólar subiu 7%

Carina Mello usou frase polêmica de ministro da Economia, Paulo Guedes, e criou fantasia
no bloco de Carnaval "Céu na Terra", no Rio

Como é mesmo? Segundo disse o ministro Paulo Guedes a empresários na Fiesp, o dólar pode chegar a R$ 5 se muita besteira for feita, mas pode cair caso se faça a coisa certa? Quando o ministro resolveu exaltar o fato de que empregadas domésticas não podiam mais ir para a Disney — como se tivessem podido algum dia —, o valente deixou claro que a moeda americana nos cornos da Lua era um sinal das nossas virtudes.

Relembro a fala histórica, dita há três semanas, no dia 13 de fevereiro:

"O câmbio não está nervoso, (o câmbio) mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí. Vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear o Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver."

A moeda fechou aquele dia cotada a R$ 4,35; nesta quinta, a R$ 4,65. Valorização de 7% em três semanas.

E o ministro ainda emendou então:

"Não estamos fazendo nada, só estamos fazendo a política direitinho. O juro é um pouco mais baixo, o que é bom para todo mundo. Vamos investir, consumir mais e, ao mesmo tempo, um câmbio um pouquinho mais alto, o que é bom para todo mundo. Mais exportação, mais substituições de importações. Inclusive, em setores muito intensivos em mão de obra, como turismo".

Notei à época que o ministro estabelecia um novo umbral para o dólar: R$ 5... O Banco Central interveio para segurar a cotação nesta quinta. Foi malsucedido. Mercados são amorais. Sentiram o cheiro de pânico que exala o leão desdentado. Pode até haver empresário que vai à Fiesp aplaudir parolagem de ministro da economia que bate virtudes no peito. Nem por isso vai investir. 

Em três semanas, o que era uma solução e evidência de competência é tratado pelo ministro agora como um problema. Seja nos conceitos, seja na linguagem confusa a que recorre, parece que Guedes não sabe mesmo o que fazer.

Por Reinaldo Azevedo