terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Os maiores pilantras da história


Seja pelo estrago, seja pelo descaramento, estes são os sete mais incríveis vigaristas que já grassaram pelo mundo

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Charles Ponzi

“Dobre o seu dinheiro em 90 dias.” Essa foi a promessa que Charles Ponzi fez primeiro a seus amigos em 1920. E cumpriu, pelo menos de começo. Logo, as pessoas começaram a fazer fila para depositar suas economias com o aparente gênio das finanças. Em fevereiro daquele ano, ele tinha US$ 5 mil. Em maio, US$ 420 mil – o que dá US$ 5 milhões em dinheiro de hoje. Pessoas começaram a hipotecar suas casas para investir com ele.

O milagre, segundo Ponzi, era comprar cupons de reembolso postal na Itália e resgatar seu valor nos EUA – por questões de câmbio, com o dólar valendo mais que a lira, isso geraria lucro de 400%. Em 26 de junho, o jornalista Clarence Barron estimou que seriam necessários 160 milhões de cupons postais para manter o esquema vivo. Existiam apenas 27 mil em circulação.

Qual era o segredo de Ponzi então? Ele usava o investimento de quem entrava para pagar quem saía. Como os lucros eram altos, a maioria nem sacava seus investimentos. Em 11 de agosto, após as revelações da imprensa, tudo veio abaixo. US$ 20 milhões (US$ 240 milhões em dinheiro de hoje) foram perdidos.

Ponzi curtiu uma temporada em Alcatraz e veio dar em praias brasileiras. Morreria pobre, no Rio de Janeiro, em 1949.

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Frank Abagnale

Este quase dispensa apresentações. Nenhum outro picareta nesta lista foi interpretado no cinema por Leonardo DiCaprio – em Prenda-me se For Capaz, de 2001. E nenhum era tão jovem: Frank tinha 16 anos quando começou a se passar por um piloto de avião da PanAm.

Ele nunca pegou num manche, assim como não atenderia ninguém como chefe da equipe médica num hospital pediátrico, nem faria qualquer coisa além de pegar cafezinho quando fingiu ser advogado. Era pura lábia, e fez tudo antes dos 21 anos, até ser preso. Após cinco anos de cadeia, tornou-se consultor de segurança.

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Victor Lustig

O elegante cavalheiro austríaco começou pela “caixa de dinheiro”. Uma pequena máquina que, aparentemente, imprimia notas perfeitas de US$ 100. Ele vendia a máquina por milhares de dólares e ela só “imprimia” duas notas. Que estavam lá desde sempre.

Em 1925, ele vendeu a Torre Eiffel. Assumindo a identidade de “diretor geral do Ministério de Correios e Telégrafos”, convidou seis empresários do ramo da sucata para uma reunião. Lá ele os informou que o governo francês não tinha verba para manter a Torre Eiffel, e a estava vendendo por sucata. Conseguiu que um dos empresários desse a ele uma mala de dinheiro.

Lustig ainda tapearia ninguém menos que Al Capone. Ele convenceu o mafioso a investir US$ 50 mil num esquema de ações. Devolveu tudo três meses depois, dizendo que, infelizmente, o negócio tinha falhado. Como recompensa por sua “honestidade”, Al Capone o premiou com US$ 5 mil – e isso era tudo o que o picareta queria.

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Princesa Caraboo

Era 3 de abril de 1817 quando um sapateiro topou com uma moça perdida pelas ruas da vila de Almondsbury, Inglaterra. Suas palavras eram incompreensíveis e ela vestia largas roupas orientais, incluindo um turbante. Levada para a casa do magistrado local, ela mostrou-se interessada em imagens chinesas e referiu-se a si própria como Caraboo.

Sem ter onde viver, acabou posta na cadeia – onde um marinheiro português conseguiu se comunicar com ela. Caraboo era da ilha de Javasu no Oceano Índico, e tinha sido capturada por piratas, até saltar no Canal de Bristol. Solta, ela se tornou uma celebridade local, escrevendo textos em seu alfabeto, praticando arco e esgrima e até tomando banho pelada no rio local – tudo isso inconcebível para uma dama britânica da época. Também rezava para o deus “Allah-Tallah”. Sua autenticidade foi “comprovada” por um acadêmico local.

A farsa durou até junho, quando foi identificada por uma ex-patroa. Era Mary Willcocks, britânica da gema, que havia sido demitida de um orfanato.

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Wilhelm Voigt

“Parem e me sigam!” O venerável oficial prussiano, já passado dos 50, exigia respeito. Sem contestar, os quatro granadeiros e um sargento o seguiram. Passando pelo campo de treino de tiro, ele pegou mais seis. Seu destino era o trem para Köpenick, atual bairro de Berlim que então, em 1906, era uma cidade independente. Ao desembarcar, o grupo recebeu ordens para cercar a prefeitura, cortar comunicações e prender o prefeito. O oficial então confiscou 4 mil marcos dos cofres, deixando um recibo. E escafedeu-se, largando seus subalternos na guarda.

Acontece que ele não era oficial. Esse foi o golpe final de Wilhelm Voigt, um pé de chinelo de 55 anos, vindo de várias passagens pela prisão. Ele seria pego, mas a história era tão insólita que o público se comoveu com ele. Era uma lição a respeito dos excessos da hierarquia militar alemã. Assim, o “capitão” ganhou o perdão do Kaiser Guilherme 2o e morreu livre. Hoje é honrado com placa e estátua em Berlim.

Ferdinand Demara

Em suas duas décadas de carreira, ele se passou por monge católico, engenheiro, xerife, enfermeiro, advogado, cientista, professor e médico. Mas não são os números que fazem a sua fama, e sim as ações: Ferdinand Demara levava suas farsas às últimas consequências. Em seu período como “monge”, fundou uma universidade religiosa – que existe até hoje.

O ato máximo de Demara veio durante a Guerra da Coreia. Ele embarcou num destróier da Marinha canadense dizendo ser o Dr. Joseph C. Cyr. A guerra era real, e ele teve que lidar com pacientes reais. Usando uma quantidade copiosa de penicilina, acabou com uma infecção que se alastrava pelo navio. Um dia, 16 feridos de guerra foram trazidos ao convés, necessitando cirurgia urgente. Demara se enfurnou em sua sala com volumes de medicina. Quando apareceu de volta, operou todos os pacientes – fazendo inclusive cirurgia cardíaca com cavidade torácica aberta. Acredite se quiser, ninguém morreu.

Demara publicou suas peripécias na revista Life. Ficou famoso, o que restringiu severamente suas opções de farsa. Então virou um pastor batista – de verdade. Cursou teologia e passou a trabalhar em hospitais e obras de caridade, como capelão. Seria ele a dar a extrema-unção ao ator Steve McQueen, seu amigo, em 1980.

Dossiê | Os maiores pilantras da história
Gregor MacGregor

Ele nunca precisou assumiR um nome falso. Por que faria? Era membro do clã MacGregor, uma das mais notáveis famílias da nobreza escocesa. Ao chegar a Londres, em 1821, era um herói de três países, lutando por Portugal e Reino Unido nas guerras napoleônicas, e depois ao lado de Símon Bolívar na independência de metade da América do Sul. Tudo verdade.

Mesmo assim, ele foi um grande picareta. MacGregor falou que, em suas aventuras, fora feito “cacique” da nação de Poyais, um país na América Central que tinha exército, poder executivo, legislativo e judiciário, e só estava esperando por investidores e imigrantes.

Era a terra da oportunidade e MacGregor recebeu uma dinheirama, emitindo “títulos governamentais” como promessa de pagamento. Os colonizadores chegaram em 1822, procurando pela capital “St. Joseph”. Não acharam uma cabana de pé. Tudo o que havia lá era a floresta tropical de Honduras. Metade morreria de desnutrição e malária.

MacGregor nunca seria preso. Usando de sua reputação, enrolou os juízes. Voltou para a Venezuela, onde ganhou o título de general e foi enterrado com honras de herói da nação.

Relator da Operação Lava Jato será definido por sorteio


O ministro Ricardo Lewandowski (e) ouve a leitura do voto do colega Dias Toffoli durante o 15º dia de julgamento do processo do mensalão

A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), deve fazer um sorteio entre os integrantes da Segunda Turma da Corte para definir quem será o relator da Operação Lava Jato, reporta nesta terça-feira a Folha de S. Paulo. A relatoria da Lava Jato estava sob responsabilidade do magistrado Teori Zavascki, que faleceu em um acidente de avião em Paraty.

Os onze ministros do Supremo dividem-se em duas turmas de cinco magistrados cada — o presidente da Casa, tradicionalmente, não participa das turmas. Teori Zavascki era da Segunda Turma, assim como os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Ainda de acordo com a Folha, Cármen Lúcia tem sondado a possibilidade de Edson Fachin mudar da Primeira para a Segunda Turma do STF para participar do sorteio.

O relator da Operação Lava Jato decide, entre outras coisas, quais políticos com foro privilegiado viram réus e sobre o sigilo dos depoimentos colhidos nas delações das empreiteiras que fizeram acordo com a Justiça, como no caso dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht.

EIKE OBTEVE GANHO BILIONÁRIO NOS GOVERNOS DO PT


PROJETOS DE EIKE RECEBERAM
MAIS DE R$ 10 BILHÕES NA ERA PT

Os governos do PT abriram os cofres para financiar projetos do ex-bilionário Eike Batista, preso nesta segunda-feira (30) no Rio. Até 2013, ainda no primeiro governo Dilma, o BNDES beneficiou ao menos onze empresas do “Grupo EBX”, de Eike, num total de R$10,4 bilhões em financiamentos diretos. Outros negócios possibilitados pelos governos Lula e Dilma podem ter rendido ao menos R$20 bilhões ao empresário.

Eike ainda contava com as lorotas da cúpula do BNDES para explicar o dinheiro fácil, definindo os ativos da EBX como “sólidos e valiosos”.

O BNDES também utilizou recursos do FAT, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, para bancar as aventuras de Eike Batista.

Lula se utilizou do jatinho de Eike em viagens, e Dilma visitou a EBX, quando em discurso disse que o empresário é “orgulho do Brasil”.

A ordem para financiar as aventuras de Eike com dinheiro público saía do Planalto, nos governos do PT, apesar dos sinais da derrocada.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

CÁRMEN LÚCIA HOMOLOGA AS 77 DELAÇÕES DE EXECUTIVOS DA ODEBRECHT


CONTRARIANDO EXPECTATVAS, A MINISTRA
CÁRMEN LÚCIA AGIU RÁPIDO.

Um dia antes da data prevista, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, homologou os 77 acordos de delação premiada da empreiteira Odebrecht.

Há dias, o procurador da República Deltal Dallagnol, em entrevista à Agência France Press, disse que essas delações devem duplicar o número de personalidades denunciadas e investigadas na Operação Lava Jato.

A ministra Cármen Lúcia preferiu não esperar a designação do novo relator da Lava Jato no STF, dando sequência às providências de oitiva dos delatores, para que confirmassem não terem sido coagidos a prestar depoimento, e para finalmente homologar o acordo.

A presidente do Supremo passou o fim de semana debruçada sobre os acordos de delação. O juiz-auxiliar Márcio Schiefler, braço direito do ministro Teori Zavascki, esteve no STF no sábado. Cármen e Schiefler têm mantido contato constante desde a morte do ministro. Ele assessorou a ministra na análise das delações.

O Supremo retoma os trabalhos após recesso na próxima quarta-feira (1º). Nesta segunda, a ministra vai definir a pauta de julgamento para a primeira sessão do plenário.

LULA CONFIRMA JOGADA DE PEDIR ANULAÇÃO DE PROCESSO APÓS TENTAR DESQUALIFICAR MORO


LULA ESCONDE O ROSTO, NO CAMBURÃO DA PF, QUANDO F
OI LEVADO SOB VARA PARA DEPOR EM MARÇO DE 2016

Confirmando notícia avançada em primeira mão pelo colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder, os advogados do ex-presidente Lula colocaram em prática o ato final de uma jogada para tentar livrá-lo do processo referente ao tríplex do Guarujá, que ele é acusado de receber da empreiteira OAS a título de propina.

Apos uma sequência de ataques ao juiz, provocando-o inclusive durante as audiências, os advogados montaram um requerimento ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) pedindo a "anulação" do processo, "em virtude de diversos atos que mostram que o juiz Sergio Moro perdeu a imparcialidade para julgar Lula."

A defesa aponta para a existência de "provas pré-constituídas" de inúmeras situações em que o juiz teria atuado de forma parcial. A alegação é recebida como piada, nos meios jurídicos. Os advogados apontam como exemplos de "parcialidade" os mandados de condução coercitiva e de busca e apreensão em endereços do ex-presidente, considerado pelo Ministério Publico Federal o chefe do esquema de corrupção que roubou a Petrobras e o governo.

Na denúncia que deu origem ao processo, o Ministério Público Federal afirma que Lula se beneficiou de um conjunto de 'três focos'. O primeiro se refere a três contratos da empreiteira OAS firmados com a Petrobras. O segundo foco se refere à lavagem de 'parte milionária'de dinheiro por meio da reforma do triplex no Guarujá (SP). O terceiro foco, segundo a Procuradoria, ficou caracterizado com o pagamento da armazenagem de bens pessoais de Lula mediante contrato falso.

Segundo os procuradores, Lula recebeu "benesses" da empreiteira OAS - uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto - preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira.

O povo não perdoa ricos exibidos


Eike Batista no Rio de Janeiro - 18/11/2014

Eike Batista uma hora vai delatar. Não por maldade ou vingança. Não para crucificar a enorme lista de políticos que ele beneficiou, à vista de todos ou por baixo da mesa. Vai delatar porque nenhum empresário famoso consegue se manter “foragido da Interpol” por muito tempo, mesmo com passaporte alemão.

Vai delatar porque o ex-homem mais rico do Brasil, pai de Thor e Olin, ex-marido de Luma, se recusará a ser trancafiado em cela comum de presídio. Eike não concluiu o ensino superior de engenharia na Alemanha e, por isso, sem diploma, não tem direito a regalias. É o X do problema. Falência financeira, tudo bem, Eike já se reergueu com saídas mirabolantes. Falência moral é outra coisa para o filho do nonagenário Eliezer Batista.

Eike não se enxerga como chefe de quadrilha criminosa. Seus amigos e ex-funcionários tampouco o viam assim. Muitos ganharam e perderam dinheiro embarcando em seus delírios. Louco, visionário, audacioso, megalômano, empreendedor, místico e generoso – e até cafona e ingênuo – são adjetivos mais associados a Eike do que “bandido” ou “mau-caráter”, segundo quem o conhece bem. Era “mão-aberta”, não só em troca de incentivos fiscais. Não fazia segredo de sua carência maior: ser amado, especialmente no Rio.

Acusado de repassar e ajudar a esconder propina de US$ 16,5 milhões – um pingo no oceano que inundou as finanças do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral –, Eike é o alvo da hora da Operação Lava Jato. Mesmo antes de ter mandado de prisão preventiva contra ele, Eike já despertava misto de ódio e inveja. Era o 171 mais bajulado e contraditório do Brasil, recebido como Midas por banqueiros do mundo.

Hoje paga pela ostentação, pelos carrões na sala de sua casa no bairro do Jardim Botânico, os jatinhos, os barcos de corrida, os implantes de cabelo e Botox. Paga pela insistência em prever, com seu riso estranho, que se tornaria o homem mais rico do mundo. O povo não perdoa ricos exibidos. 

O que me surpreende é que seus amigos não tenham coragem de vir a público defender seu outro lado. Uma vez testemunhei, no restaurante chinês Mr Lam, de sua propriedade, os efeitos de sua personalidade. O trabalho parecia ser sua maior diversão. Seus convidados, um bando de empresários orientais, só faltavam beijar seus pés. Ao longo de sua ascensão, vimos alguns admiradores ferrenhos de Eike.

“O Eike é nosso padrão, nossa expectativa e orgulho do Brasil”, afirmou a então presidente Dilma Rousseff na inauguração do Porto do Açu, em São João da Barra, Norte Fluminense. Para Dilma, Eike tinha “capacidade de trabalho”, buscava “as melhores práticas”, queria “tecnologia de última geração”, percebia “os interesses do País” e merecia “o nosso respeito”. 

Eike arrematou por R$ 500 mil o terno usado por Lula na primeira posse de janeiro de 2003. Era um leilão beneficente promovido pelo cabeleireiro da então primeira-dama, Dona Marisa, para arrecadar dinheiro para crianças do projeto Escola do Povo, na favela de Paraisópolis, em São Paulo.

Eike fez Madonna chorar, num jantar íntimo no Rio em sua casa, ao dar R$ 12 milhões para a Fundação SFK (Success for Kids), que ajudaria crianças brasileiras e suas mães vítimas de violência. Eike deu para a Santa Casa da Misericórdia um aparelho de ressonância magnética que custou quase US$ 2 milhões. “Todo mundo pede socorro ao Eike. Daqui a pouco vão ter de fazer uma estátua dele de braços abertos no alto de um morro”, afirmou o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.

Uma vez, caminhando no Morro do Borel com o ex-secretário de Segurança José Mariano Beltrame, perguntei sobre o acordo entre o governo do estado e sete grandes empresários que criaria um fundo para infraestrutura nas favelas ocupadas. “Só o Eike Batista honrou esse acordo”, disse Beltrame. “Ele contribui com R$ 20 milhões por ano.” A sede azul e branca da UPP exibia carros reluzentes. “Viu as camionetes?”, perguntou Beltrame. “Todas compradas com a ajuda do Eike. As motos para coleta de lixo também.”

O ator Rodrigo Santoro disse que o apoio financeiro de Eike foi “o fator decisivo” para que o filme Heleno de Freitas acontecesse. Eike ajudou Arnaldo Jabor a financiar A suprema felicidade, ajudou Cacá Diegues a realizar Cinco vezes favela. Nunca vimos antes no Brasil um pilantra com essas conexões.

Eike começou comprando ouro no Xingu aos 22 anos, magrelo, com botas e chapéu. Terminou vendendo ilusões e pasta de dentes – seu negócio mais recente. Dizia, no auge, que seu sonho era nadar “numa Lagoa Rodrigo de Freitas limpa” e por isso deu milhões para a despoluição-fantasma. Seu pesadelo agora é a cela comum de Bangu.

Por Ruth de Aquino - Em Época

domingo, 29 de janeiro de 2017

Ozires Silva lança instituição inspirada no 'São José 2030'


São José 2030 Ozires

Fundador da Embraer, o engenheiro Ozires Silva comemorou 86 anos nesta sexta-feira, em São José dos Campos, e organizou um encontro com um pequeno grupo de amigos para um jantar. Porém, não foi apenas para festejar mais um ano de vida. E sim para planejar novas ideias para o futuro da cidade.

Foi criada uma associação formada por líderes do empreendedorismo, cultura e educação da cidade. Segundo Ozires, a ideia partiu da coordenação do Fórum São José 2030, que acontece há quatro anos para discutir o futuro da cidade com lideranças e representantes da comunidade joseense.

Animado. E o aniversariante se mostra confiante em mais um projeto de modernização da cidade. “Nossa cidade despontou graças ao impulso desses atributos, o empreendedorismo, a cultura e a Educação, começando pela base educacional e cultural trazidas pelo ITA, que, desde o início da década dos 1950, pôde dar expressiva contribuição para transformar uma pequena comunidade do antigo Vale do Paraíba, numa ativa participante do mercado de comércio do mundo, com nossos aviões, aqui concebidos, criados e fabricados”, afirmou.

Faculdade. Além disso, a nova associação deve fomentar a vinda da Universidade do Ar em São José dos Campos, mais um espaço para formar profissionais ligados à aviação comercial, como pilotos, mecânicos e comissários de bordo.

“Não poderia deixar de apoiar este passo do São José 2030, o qual, ganhando uma roupagem pública, estimule a adesão dos joseenses, apaixonados pela nossa cidade, acumulando mais forças nas ideias de construir, progredir e evoluir, abrindo mais oportunidades amplas para os nossos jovens de hoje”, afirmou o fundador da Embraer.

Nomes. Além de Ozires Silva, personagens que idealizaram o São José 2030 também vão fazer parte do projeto, como Manoel de Oliveira, Kiko Sawaya e o presidente da Academia Joseense de Letras, Héctor Enrique Giana. “Uma associação privada e sem fins lucrativos vai possibilitar reunir pessoas para concretizar o que idealizamos”, disse o empresário Manoel de Oliveira. Ainda sem nome definido, a nova associação deve ser lançada oficialmente ao público em abril deste ano.

Marcos Eduardo Carvalho - Em O Vale

Lava Jato pode consagrar ou arruinar Supremo



Por Josias de Souza

Confrontados com o descalabro exposto nos depoimentos dos 77 delatores da Odebrecht, os ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam esquecer a Constituição e o Código Penal por um instante, para se concentrar num conto de Ernest Hemingway. Chama-se ‘As Neves do Kilimanjaro’. Começa com um esclarecimento:

“Kilimanjaro é uma montanha coberta de neve, a 6 mil metros de altitude, e diz-se que é a montanha mais alta da África”, anotou Hemingway. “O seu pico ocidental chama-se ‘Ngàge Ngài’, a Casa de Deus. Junto a este pico encontra-se a carcaça de um leopardo. Ninguém ainda conseguiu explicar o que procurava o leopardo naquela altitude.”

O leopardo do conto serve de metáfora para muita coisa. Tanto pode simbolizar a busca romântica pelo inalcansável como pode representar o espírito de aventura levado às fronteiras do paroxismo.

O Supremo, como se sabe, é o cume da Justiça brasileira. Seus ministros acham que estão sentados à mão direita de Deus. Num instante em que a deduragem dos corruptores confessos da Odebrecht empurra mais de uma centena de encrencados na Lava Jato para dentro dos escaninhos da Suprema Corte, cabe aos ministros interrogar os seus botões: o que fazem tantos gatunos da política no ponto mais alto do Poder Judiciário?

Num país marcado pela corrupção desenfreada, os gatunos da Lava Jato beneficados com o chamado foro privilegiado simbolizam o sentimento de impunidade cultivado pela oligarquia política. Que pode virar instituto suicida se o Supremo for capaz de dar uma resposta à altura do desafio.

Um bom começo seria a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo, homologar até terça-feira (31) todos os acordos de delação. Isso liberaria a força-tarefa da Lava Jato para abrir os inquéritos que transformarão indícios em provas.

De resto, será necessário que o ministro sorteado para substituir Teori Zavascki na relatoria da Lava Jato se convença da importância do seu papel. Seja o seco Celso de Mello, o melífluo Ricardo Lewandowski ou qualquer outro, o novo relator precisa entender que a conjuntura cobra do STF um rigor compatível com a desfaçatez.

No futuro, quando os arqueólogos forem escavar esse pedaço da história nacional, encontrarão sob os escombros de um Brasil remoto carcaças que serão tão inexplicáveis quanto a do leopardo de Hemingway. Resta saber se serão as carcaças de gatunos suicidas ou de magistrados que não se deram ao respeito. A Lava Jato pode consagrar ou arruinar o Supremo.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Bombeiros levam bolo de aniversário para Cabral em Bangu


bolo-de-cabral

Sérgio Cabral não poderá dizer que ninguém lembrou de seu aniversário de 54 anos, comemorado hoje. Seus inimigos não deixaram passar em branco.

Um grupo de bombeiros levou para a porta do presídio de Bangu, onde a excelência está presa, um bolo de aniversário, com direito a refrigerante e foto do ex-governador com a sua mulher e companheira de falcatruas, Adriana Ancelmo, que também está presa.

Para quem não lembra, uma dos momentos mais difíceis enfrentados por Cabral ocorreu em 2011, quando uma greve dos bombeiros se transformou numa crise e o então governador determinou que a Secretaria de Segurança prendesse os bombeiros em Bangu 1.

DELAÇÕES ATINGIRÃO ‘QUASE TODO’ GOVERNO TEMER



As acusações do ex-diretor da Odebrecht Cláudio Melo Filho contra três ministros – Eliseu Padilha, Moreira Franco e Geddel Vieira Lima, já demitido – são “modestas”, comparadas às revelações dos demais 76 executivos da empreiteira. Fonte ligada às investigações se espantou: “quase todo governo” está enrolado. Isso não inclui o presidente, que só pode responder por crime cometidos em sua própria administração. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

As delações não se relacionam ao atual governo, e sim ao pagamento de propinas por obras obtidas, disfarçadas de doações eleitorais.

Romero Jucá (Planejamento), Henrique Alves (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Governo), históricos do PMDB, caíram após as denúncias.

Nos primeiros meses de governo, acusações graves derrubaram seis ministros. O mais recente foi Geddel Vieira Lima, ligado ao presidente.

Michel Temer já afirmou que as delações contra seus ministros são apenas “alegações”, mas, uma vez “consolidadas”, ele promete agir.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Como o meu FGTS virou propina


Blog Crash

Fui demitido da Embratel, a antiga estatal de telecomunicações, em 1999. Tinha R$ 1.400 no FGTS. O pagamento cairia em duas vezes. Na primeira, tudo certo. Fui até a agência e saí com R$ 700. Na segunda, o monstro Brasil apareceu. Um burocrata zumbi da Caixa interpretou que uma das 20 assinaturas do contrato de recisão estava fora de lugar. Então não, eu não poderia receber os outros R$ 700.

Argumentei que, se eu já tinha sacado a metade, era porque estava tudo certo, e que eu tinha direito e tal e tal. Ele levantou a voz, levantei mais alto e terminei escoltado para fora da agência pelos seguranças.


Resultado: os R$ 700 ficaram presos lá, numa conta inativa do FGTS. Agora que o governo vai liberar o saque das contas inativas, fui ver o extrato da Embratel. Aqueles R$ 700 viraram R$ 1670.

Se eu tivesse sacado na época e investido em títulos públicos dos mais conservadores, que pagam a Selic, os R$ 700 de 10 anos atrás teriam virado R$ 7.400.

O Estado, na prática, me confiscou R$ 5.750 – a diferença entre os R$ 1.650 que vai me pagar e os R$ 7.400 mil que deveria ter pagado.

Uma parte desses virtuais R$ 7.400 ganhou forma real: terminou nas mãos de empresas amigas do governo (de todos os governos dos últimos 20 anos), na forma de empréstimos alimentados com recursos do FGTS. Um naco desse dinheiro, então, retornou na forma de propina para agentes que intermediavam o acesso a esses recursos, como o Doutor Eduardo Cunha.

No fim, um naco do dinheiro que eu deveria poder sacar a partir de fevereiro, com a bem-vinda alforria das contas inativas, foi gasto em estação de esqui no Colorado, joalheria em Nova York e restaurante em Paris. Uma parte deles até repousa agora mesmo em Genebra, na forma de gloriosos francos suíços.

Muito chique esse meu dinheiro. E não adianta reclamar, se não chamam de novo o segurança.

Antes de votar em 2018, enfim, veja se o seu candidato tem alguma proposta coerente sobre como resolver a questão do FGTS. Se ele não tiver, é porque não faz a menor ideia sobre como resolver questão nenhuma.

Por Alexandre Versignassi

Lava Jato deve explicação sobre viagem de Eike



A ordem de prisão de Eike Batista consta de um despacho assinado pelo juiz federal Marcelo Bretas em 13 de janeiro de 2017. Mas só nesta quinta-feira (26), 13 dias depois da expedição do mandado judicial, os agentes federais foram à mansão do ex-bilionário, no Rio. Não o encontraram. Informou-se que decolara para Nova York dois dias antes, na noite de terça-feira.

Tacio Muzzi, delegado da Polícia Federal, saiu-se com uma explicação singela: “Em relação à viagem do senhor Eike Batista, não havia prévio conhecimento. Estava-se acompanhando a movimentação dos investigados e, na madrugada de hoje (26), chegou ao conhecimento que poderia ter saído para fora do país na data do dia 24, na parte da noite.” Hummmm.

A fala do doutor contém um paradoxo que resulta num déficit de explicação. Ora, se “estava acompanhando a movimentação dos investigados”, por que a Polícia Federal não teve “prévio conhecimento” do deslocamento do investigado-mor? Por que a força policial precisou de quase duas semanas para executar a ordem que os investigadores requisitaram ao juiz?

Advogado de Eike, Fernando Teixeira Martins, que trabalhou como agente da Polícia Federal de 2004 a 2015, acompanhou a batida de busca e apreensão na mansão do seu cliente. Disse que ele deseja retornar ao Brasil “o mais rápido possível” e tem a disposição de colaborar. Pode ser. Entretanto, se não for alcançado pelo Interpol, Eike só retorna se quiser. Leva no bolso um passaporte alemão. E não lhe faltam recursos.

A exemplo da Polícia Fderal, também a Procuradoria renderia homenagens aos controibuintes se dissesse meia dúzia de palavras sobre a mobilidade de Eike. Afinal, o juiz Marcelo Bretas anotou em seu despacho: “Caberá ao MPF [Ministério Público Federal] as providências devidas à execução das medidas.” Entre elas a prisão de Eike Batista.

Reprodução

Polícia Federal demorou 13 dias para procurar Eike Batista em sua mansão no Rio! Por quê?

Por Josias de Souza

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Rio vivia sob a égide de CV e do CC - Comando do Cabral


Sergio Cabral

Santo Deus!

A ser verdade o que diz o Ministério Público Federal, o Rio de Janeiro vivia sob a égide de vários partidos do crime: CV, ADA, TC, PCC e CC: Comando Vermelho, Amigos dos Amigos, Terceiro Comando, Primeiro Comando da Capital e Comando do Cabral.

O ex-governador do Rio começa a virar uma figura de história em quadrinhos. É um troço impressionante. Segundo a investigação, Eike Batista repassou R$ 16,5 milhões em propina para Cabral. Mas lavou a operação. De que modo?

Ah, uma de suas empresas de nome complicado, Centennial Asset Mining Fund repassou dinheiro para a Arcádia Associados, com registro do Uruguai, pela suposta corretagem na venda de uma mina de ouro. A Arcádia, com esse nome bucólico, pertence a Renato Hasson Chebar e Marcelo Hasson Chebar, dois operadores de Cabral, que já revelaram a tramoia em delação premiada.

É um espanto!

A verdadeira mina de ouro de Cabral, como se constata, era o Estado do Rio.

Eike Batista, com prisão preventiva decretada — seu advogado diz que ele vai se entregar — fez o pagamento de propina por intermédio da conta Golden Rock, do TAG Bank, que fica no Panamá. Renato Chebar diz que foi Flávio Godinho, outro homem de Cabral, já preso, que cuidou da operação.

Vamos ver. Já existem as delações dos ditos “donos” da Arcádia. Não me parece razoável supor que tenham decidido mentir apenas para não cair nas malhas do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Até porque estão confessando crimes da pesada.

Parece não haver muita margem para duvidar da culpa da turma toda, incluindo Eike Batista. Cabral, então, é um fenômeno. Há nele um quê de fanfarrão irresponsável e, em certo sentido, suicida. Impressiona o descuidado com que transitava no mundo do crime dos homens de colarinho e lenço brancos… A impressão é que ia fazendo o que lhe dava na telha, como se não houvesse amanhã. O nome disso? Bem, um temperamento especialmente talhado para o grotesco se casou à certeza da impunidade.

Prisão preventiva

Mas e a prisão preventiva de Eike e dos outros? Bem, lendo o que se divulgou dos autos, o que se tem é antecipação de pena — e de uma pena que, tudo indica, será justíssima.

Acho que nem é preciso esperar que tudo isso passe — até porque as operações vão se multiplicando — para rever o Artigo 312 do Código de Processo Penal. O MP diz que pediu a preventiva do bilionário falido porque ele tentou, inclusive, em passado recente, criar embaraços à delação dos que aparecem como donos da Arcádia. Bem, mas isso é parte do crime cometido, não?

Para que seja considerado um risco à ordem pública ou econômica, é preciso ter a evidência presente de que reitera no crime. A do passado irá compor a sua pena futuramente. Também pode ser preso se estiver comprometendo a instrução criminal — alterando provas ou pressionando testemunhas — ou se houver risco de não se cumpria a lei penal — ou seja, fuga. Eike já está fora do país. Diz que vai voltar.

Precisamos ordenar essa questão, e todos os entes que lidam com isso têm de se organizar para dar uma resposta.

Sei que as pessoas ficam revoltadas quando se diz que, SEGUNDO A LEI QUE TEMOS, NÃO SEGUNDO UM CRITÉRIO DE MERECIMENTO —, Eike e Cabral deveriam ficar soltos, à espera do julgamento. As alegações para prendê-los, reitero, dizem respeito aos crimes já cometidos.

Como, dado o que fizeram, a prisão parece lhes cair bem, então pensemos, sim, na mudança da lei. Um Estado não deve prender ninguém ilegalmente, não importa quem seja. Mas um Estado também não pode ser leniente com o crime.

Acho que dá para conciliar as duas coisas.

Porto do Açú era a contrapartida de Cabral para Eike Batista


Eike Batista está entre os alvos de nova fase da Operação Lava Jato deflagrada na manhã desta quinta-feira
Eike Batista está entre os alvos de nova fase da Operação
 Lava Jato deflagrada na manhã desta quinta-feira

Na coletiva de hoje, os procuradores disseram que ainda vão investigar o que o grupo X ganhou de Sergio Cabral pelas propinas pagas. Um dos “presentes” foi a desapropriação do Porto do Açú. Pelo terreno de seu mega-empreendimento, Eike Batista fez um cheque de 37,5 milhões de reais ao estado do Rio, governado pelo amigo Cabral. A área, de 75 mil metros quadrados, valia 1,2 bilhão.

Além disso, todas as desapropriações eram feitas em tempo de recorde, em cerca de 3 e 4 dias.

A América do biltre: muro, tortura e prisões secretas


muro-de-berlim

E Donald Trump, o líder que está sendo visto como modelo de estadista por esquerdistas mundo afora ao declarar guerra à globalização, não vai deixar, no entanto, a extrema direita nativa na mão. Nada disso! Além de prometer mais postos de trabalho aos americanos, com plantas industriais que devem retornar aos EUA, o homem vai excitar as muitas formas que podem assumir o rancor e a xenofobia.

Ele já assinou a ordem executiva que determina a construção do muro na fronteira com o México. O governo do país vizinho já disse que não vai pagar pela obra — conforme deseja o americano.

Bem, dizer o quê? O muro, obviamente, é a expressão material, física, do antiglobalismo “trumpeiro”. Se o horizonte do globalismo é a eliminação das fronteiras, Trump deixa claro que, com ele, vai se caminhar no sentido contrário. É claro que é um troço asqueroso.


Até porque o novo umbral da história, que foi atravessado com o fim da União Soviética, tem um símbolo: justamente a queda do Muro de Berlim. Há outras barreiras físicas, como a que separa israelenses de palestinos na Cisjordânia. Ocorre que se está a falar ali de uma guerra. Ergueu-se a barreira para impedir ações terroristas, que caíram drasticamente. Mas esse não é o caso do México. É um espanto que um governante decida levantar um muro na divisa com um país aliado.

Os primeiros passos de Trump parecem indicar que o maluco pretende mesmo se levar a sério.

A coisa não ficou no muro.

A imprensa americana também tem elementos indicando que ele pretende autorizar a tortura em interrogatórios e a retomada das prisões secretas.

Tudo, como diz o biltre, para fazer a América grande de novo: muro, tortura, prisões secretas.

E, claro!, com nacionalismo, xenofobia e protecionismo.

Ah, sim: Trump acusa a imprensa de mentir. Ora, mentir pra quê? Sobre ele, basta que se diga a verdade.

Por Reinaldo Azevedo

Vice-presidente de futebol do Flamengo é preso pela Lava Jato


Flávio Godinho, executivo do Grupo EBX.
O vice-presidente de futebol do Flamengo, Flávio Godinho,
foi preso nesta quinta-feira

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Flávio Godinho, foi preso na manhã desta quinta-feira durante a Operação Eficiência, segunda fase da Calicute, um desdobramento na Lava Jato.

Ex-braço direito do empresário Eike Batista, Godinho foi acusado de envolvimento com lavagem de dinheiro e ocultação no exterior de cerca de 100 milhões de dólares (aproximadamente 317 milhões de reais). Eike também tem mandado de prisão expedido, mas está foragido.

As investigações da Calicute miram o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, já preso na penitenciária de Bangu. Godinho é acusado de ser um dos operadores do esquema de lavagem e ocultação das propinas recolhidas das empreiteiras que realizavam obras no estado governado por Cabral.

Na operação, a Polícia Federal emitiu nove mandados de prisão, quatro de condução coercitiva e 22 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro. Enquanto o vice do Flamengo já foi preso, Batista foi considerado “foragido da justiça”, já que não foi encontrado em seu apartamento.

Seu advogado afirmou que o empresário está no exterior. A diretoria do Flamengo ainda não se pronunciou sobre a prisão de seu vice-presidente.

(Com Gazeta Press)

Marisa Letícia segue na UTI; hospital teve protestos


Marisa Letícia Lula da Silva durante  Encontro das mulheres e militantes com Lula, em 2016
A ex-primeira-dama Marisa Letícia, que está internada no Sírio-Libanês 

A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, 66, segue internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, um dia após se submeter a um procedimento de emergência em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC). Do lado de fora do hospital, houve protestos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Hospitalizada desde ontem à tarde, a ex-primeira-dama segue em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Como ela permanece sedada e respirando com a ajuda de aparelhos numa sala onde só é permitida a entrada de um visitante por vez, os familiares têm se revezado no local. O ex-presidente Lula acompanhou a mulher pela manhã, mas foi para casa descansar na parte da tarde.

Dentre os políticos e conhecidos do petista, apenas o ex-senador e atual vereador Eduardo Suplicy (PT) apareceu para prestar solidariedade a Marisa. Ontem, outros políticos próximos a Lula foram ao hospital, como o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o presidente estadual do PT, Emídio de Souza, o ex-candidato ao governo de SP Alexandre Padilha e o ex-vereador Jamil Murad (PCdoB), que é médico.

Em entrevista, Suplicy disse que Lula está preocupado com a possibilidade de ela ficar um “bom tempo” no hospital. “Ele sabe de pessoas que tiveram esse problema e depois não puderam a ter uma vida normal, mas ele tem toda a esperança”, afirmou.
Protesto

Do lado de fora do hospital, a movimentação foi um pouco mais atribulada pela manhã. Quatro mulheres carregando cartazes com os dizeres “SUS” e “Cadê os médicos cubanos?” e com a imagem de Lula presidiário protestaram na frente do hospital. As mulheres chegaram a ser rechaçadas pelos pedestres que questionavam se elas “não tinham nada melhor para fazer”. Elas permaneceram no local por cerca de três horas e foram embora pedindo, aos gritos, que Marisa fosse removida para o SUS.
Procedimentos

Maria Letícia passou por um novo procedimento nesta quarta-feira A equipe médica introduziu um cateter ventricular em sua cabeça para verificar a pressão intracraniana após ela realizar exames tomográficos, segundo boletim médico divulgado na manhã desta quarta pelo Sírio-Libanês. O hospital não divulgará novo boletim hoje.

Na terça-feira, ela havia passado por um procedimento de emergência para estancar o sangramento provocado pelo rompimento de um aneurisma(dilatação anormal de um vaso sanguíneo), que já havia sido diagnosticado no seu cérebro há dez anos. O rompimento ocorreu após ela ter tido um pico de pressão -chegou a 23 por 12, quando o normal é em torno de 12 por 8.

Segundo o cardiologista Roberto Kalil Filho, o quadro de saúde de Marisa ainda é grave, inclusive com risco de morte. “O procedimento (de ontem) foi um sucesso. Conseguimos estancar o sangramento. A condição dela é estável do ponto de vista clínico. O risco (de morte) sempre existe num quadro como esse”, afirmou ele.

As próximas 36 horas após a cirurgia devem determinar a dimensão dos danos causados pelo AVC. Os médicos dizem que ainda é cedo para avaliar se haverá ou não sequelas, o que deve acontecer somente quando ela acordar. A equipe está diminuindo as dosagens de sedação aos poucos. Marisa ainda não tem previsão de alta.

Na Veja.com

Eike Batista tem prisão decretada na Operação Lava Jato


Data: 25/08/2010
Editoria: Valor Investe
Reporter: Vera Durao, Claudia Schuffner, Francisco Goes
Local: Rio de janeiro
Pauta: Entrevista Eike Batista
Setor: Empresa, petroleo, gas, siderurgica, porto, eike, ogx
Personagem: Eike Batista, empresario
Fotos: Aline Massuca/Valor

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira nova fase da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Entre os alvos de mandado de prisão está o empresário Eike Batista, que não foi encontrado em casa pelos policiais.

Imagens ao vivo exibidas pela TV no início da manhã mostraram policiais e carros da PF na casa de Eike, na zona sul do Rio de Janeiro. Segundo o advogado dele, Eike está viajando e vai se entregar às autoridades. A Polícia Federal, com apoio da Receita Federal, deflagaram nesta quarta-feira a Operação Eficiência, que é um desdobramento da Operação Calicute, que prendeu o governador Sérgio Cabral em novembro do ano passado.

Cerca de 80 policiais federais cumprem nove mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão. A Polícia Federal investiga crime de lavagem de dinheiro, que envolve cerca de 100 milhões de dólares no exterior. Parte desse valor já foi repatriado. Também são investigados crimes de corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa.

(Com Agência Reuters)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

COTADO PARA O STF, PRESIDENTE DO TST SOFRE ATAQUES NA INTERNET


TRECHO DO LIVRO DE IVES GANDRA MARTINS FILHO

O ministro Ives Gandra Martins Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), tem sido vítima de ataques nas redes sociais e de blogueiros ligados ao PT, que tentam atribuir a ele posições que não defende, contra mulheres ou gays, por exemplo.

Os ataques ao ministro Ives Gandra Martins Filho começaram quando seu nome passou a ser considerado um dos mais fortes para ocupar a vaga aberta, no Supremo Tribunal Federal (STF), pelo súbito falecimento do ministro Teori Zavascki. Esses setores que o atacam temem a presença no STF de mais um magistrado rigoroso, ético, corajoso e brilhante, que não os teme.

Nos ataques ao ministro, usam trechos do seu livro Tratado de Direito Constitucional, numa demonstração que não o leram. Nesse livro, ele demonstra respeito aos gays e a seus direitos, afirmando textualmente: "Indivíduos de orentação heterossexual e homossexual possuem a mesma dignidade perante a lei, e as pessoas homossexuais devem, sem sombra de dúvidas, ser respeitadas em suas opções".

Ives Gandra Martins Filho no livro Tratado de Direito Constitucional: "Além disso, das uniões homoafetivas derivam direitos que devem ser tutelados pelo Estado, conforme antes mesmo da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal já vinha ocorrendo, mormente em questões patrimoniais. Contudo, isso não é o mesmo que dizer que os casais homoafetivos devam gozar, irrestritamente, dos mesmos direitos de que gozam os casais de orientação heterossexual, sob pena mesmo de se deturpar o conceito de família, em termos antropológicos e sociológicos".

Em relação às mulheres, o ministro Ives Gandra Martins Filho foi o relator vencedor da decisão do TST que garantiu às mulheres o intervalo de 15 minutos antes de prestar horas extras. Essa decisão, inclusive, foi mantida pelo STF.

‘FORÇA-TAREFA’ PARA PRESÍDIOS É NOVA EMBROMAÇÃO



O ministro Alexandre de Moraes (Justiça) gostou da lorota da Força Nacional de Segurança Pública, que agentes e delegados da Polícia Federal chamam de “farsa nacional”, e criou um grupo semelhante para atuar em presídios. Vai estrear na penitenciária potiguar de Alcaçuz, para onde foram enviados... 30 policiais e agentes. Noves fora, nada. Não fará diferença diante dos 6.000 policiais militares do Estado. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

A “força-tarefa” de presídios imita a esperteza de Lula, que inventou a Força Nacional para o governo fingir preocupação com a insegurança.

Brasil afora, são pífios os resultados da Força Nacional comparados à atuação regular das polícias militares e civis.

A atuação da Força Nacional tem sido risível porque os policiais que a integram não estão familiarizados com o terreno, tampouco equipados.

Lula afirma que Lava Jato tem ‘dedo estrangeiro’



Candidato ao Planalto, Lula passou a enxergar o Brasil de forma inusitada. Ele vê o país com o distanciamento de um scholar, como se nada fosse com ele. Num discurso para sindicalistas, na manhã desta terça-feira (24), Lula disse estar convencido de que a operação que combate o maior escândalo de corrupção já descoberto na história do país foi tramada no exterior: “Hoje, tenho convicção de tem dedo estrangeiro nesse negócio da Lava Jato. Tem interesse no pré sal.”

Lula declarou também que o brasileiro está negligenciando os efeitos deletérios que o combate à corrupção provoca na economia. ''Não estamos levando a sério o que a chamada Operação Lava Jato está fazendo com a economia brasileira. Segundo várias informações, o efeito chega a 2,5% do PIB.”

Bom mesmo era o país governado por Lula. “Provamos que era possível aumentar o salário mínimo sem aumentar a inflação”, disse o pajé do PT. “Fizemos isso 12 anos seguidos. Nos meus oito anos de mandato, a inflação ficou sempre dentro da meta.” Dilma Rousseff errou, admitiu o orador. Entre os seus equívocos, o mais notável foi o excesso de desonerações tributárias concedidas a setores empresariais. ''A caixa foi ficando vazia.”

Com seus discursos de candidato, Lula leva a empulhação às fronteiras do paroxismo. O mensalão e o petrolão tem raízes na sua administração. A Lava Jato não é senão consequência do descalabro. O PT, seu partido, comandou o assalto ao erário. Foi dando acesso aos cofres federais que Lula recebeu apoio no Congresso. Deve-se a Lula também o mito da supergerente, que resultou no fiasco histórico de três anos de recessão.

Uma das mais sinistras ironias da trajetória de Lula e o fato de o morubixaba do PT ser obrigado a se reapresentar como candidato ao Planalto para se contrapor aos fatos que teimam em aproximá-lo da cadeia.

Por Josias de Souza

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Cármen Lúcia autoriza equipe de Teori a retomar os trabalhos


Cármen Lúcia, presidente do Supremo. Não, ela não pode ser relatora do petrolão (Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles)

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, autorizou na noite desta segunda-feira a retomada dos trabalhos de auxiliares do ministro Teori Zavascki, morto em desastre aéreo na última quinta-feira, nas delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.

A morte do ministro, que era o relator da Operação Lava Jato no Supremo, fez com que os trabalhos fossem paralisados. Com a decisão da presidente do STF, no entanto, depoimentos de executivos marcados para esta semana serão mantidos. Nessas oitivas, eles deverão confirmar se fecharam acordo de delação de maneira voluntária.

Ainda não há previsão de indicação de um novo relator para os processos relacionados a Lava Jato no Supremo. O presidente Michel Temer já anunciou que só escolherá o nome do novo ministro que irá compor a Corte após a definição do Supremo sobre o novo relator da investigação.

Nesta segunda, Cármen Lúcia procurou informalmente ministros da Corte para conversar sobre o futuro da Operação Lava Jato. A presidente do STF ainda precisa decidir sobre a redistribuição das ações a outro integrante da corte. Ainda há dúvidas se a distribuição será feita entre todos os integrantes do STF ou somente entre os ministros da Segunda Turma, colegiado do qual Teori fazia parte. O regimento interno do Supremo autoriza as duas possibilidades.

Veja.com

Condenado a 43 anos de prisão na Lava-Jato, vice-almirante da Marinha e ex-presidente da Eletronuclear tentou suicídio



O ex-presidente da Eletronuclear Othon Silva tentou suicídio logo após ter sido condenado, no início de agosto do ano passado, a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisão e organização criminosa durante as obras da usina nuclear de Angra 3. A informação foi confirmada ao O GLOBO pela defesa do ex-presidente da Eletronuclear. Por ser vice-almirante da Marinha, Othon Silva está preso em uma unidade militar, a Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

O advogado do ex-presidente da Eletronuclear, Helton Marcio Pinto, declarou que foi informado pelo comando da Marinha sobre o incidente envolvendo o cliente, mas diz não saber como Othon tentou dar fim à vida. Quando encontrou o vice-almirante após o episódio, o advogado afirmou ter preferido não tocar no tema e tentou animar o cliente apresentando perspectivas de ele ser inocentado nas instâncias superiores.

— Ele tentou suicídio porque se julga na condição de injustiçado. Othon sempre lutou pelo bem do país — disse o advogado, afirmando que, como tem 77 anos, o vice-almirante entende que a condenação de 43 anos é como uma pena perpétua.

O advogado disse não ter feito nenhuma notificação sobre o incidente no processo porque está focado em provar a inocência de Othon. Como já há uma decisão em primeira instância, do juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, com a condenação de Othon, a defesa recorreu e a ação penal está agora no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

Othon foi preso pela primeira vez, em 2015, durante a Operação Lava-Jato. O caso foi enviado de Curitiba para o Rio, e o ex-presidente da Eletronuclear ficou em uma cela especial da Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti. À época, o juiz Marcelo Bretas registrou no processo que o vice-almirante foi liberado para usar telefone celular e teve regalias "absolutamente incompatíveis com a custódia preventiva". O ex-presidente da Eletronuclear foi solto meses depois, mas foi preso novamente, em julho do ano passado, durante a "Operação Pripyat", em que foram detidos também outros cinco ex-dirigentes da empresa. Procuradores apontaram que ele continuava tendo influência na Eletronuclear, mesmo estando em prisão domiciliar. Por conta das denúncias de tratamento privilegiado na unidade militar, foi encaminhado para Bangu 8. A defesa recorreu, e a 1ª Turma Especializada do TRF-2 atendeu ao pedido dos advogados do vice-almirante para enviá-lo novamente para uma unidade da Marinha.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Othon cobrou propina em contratos com as empreiteiras Engevix e Andrade Gutierrez no âmbito das obras da usina nuclear de Angra 3. A filha de Othon, Ana Cristina da Silva Toniolo, foi condenada a 14 anos e 10 meses de prisão. De acordo com o MPF, pagamentos de propina eram feitos à empresa Aratec, de Ana Cristina e Othon. Além deles, outras 11 pessoas foram condenadas no processo.

Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu em 1978 a incumbência de iniciar os primeiros estudos para um submarino nuclear brasileiro e liderou o Programa Nuclear Paralelo entre 1979 e 1994. Executado sigilosamente pela Marinha, o projeto resultou no desenvolvimento da tecnologia 100% nacional de enriquecimento do urânio pelo método de ultracentrifugação.

Nascido em 25 de fevereiro de 1939 em Sumidouro, no interior do Rio, Othon é engenheiro naval formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, com mestrado na área nuclear no Massachusetts Institute of Technology (MIT). De 1982 a 1984, acumulou com suas funções na Marinha do Brasil o cargo de diretor de Pesquisas de Reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), ocasião em que foi construído o Reator IPEN-MB-01 (único reator de pesquisas projetado e construído com equipamentos nacionais). Em 1994, foi para reserva na Marinha do Brasil no posto de Vice-Almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros.

O Globo

Depois de perder o poder, PT aposenta o pudor


Rovena Rosa/ABr

Devolvido à oposição pelo impeachment de Dilma, o PT mandara fixar um cartaz na parede, atrás do balcão da legenda. Nele, estava escrito: “Não negociamos com golpistas”. De repente, após reunião em que o diretório nacional petista discutiu seu papel na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, apareceu uma folhinha tapando o “Não”. E os petistas passaram a torturar a semântica.

Quando vê a cúpula do PT esgrimindo argumentos para justificar o apoio a aliados de Temer para comandar a Câmara e o Senado, a plateia sabe que está diante de uma crise de significados ou numa roda de cínicos. Quando os petistas defendem na Câmara a adesão ao ‘demo’ Rodrigo Maia ou ao relator do impeachment Jovair Arantes —o que der mais cargos na Mesa e nas comissões— todos se convencem de que a crise é mesmo terminal.

Lula, enquanto tenta se livrar da cadeia, sobe no caixote para anunciar a agrupamentos companheiros que será candidato ao Planalto para livrar o país dos “golpistas”. Alguém poderia dizer que o morubixaba do PT também é vítima da confusão semântica. Mas quando se verifica que Lula participou da reunião em que o diretório decidiu que só não barganha a mãe porque não tem como oferecer certificado de garantia, fica claro: o partido e seu líder, depois de perderem o poder, aposentaram completamente o pudor.

Por Josias de Souza

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Quatro nomes para o STF: Moraes, Ives, Grace e Salomão


Quatro nomes disputam a indicação do presidente Michel Temer para ocupar a vaga no Supremo, aberta com a morte de Teori Zavascki. Vamos a eles.

alexandre-de-moraesALEXANDRE DE MORAES – Constitucionalista respeitado e professor de direito da USP, o atual ministro da Justiça conta, sim, com a simpatia do presidente Michel Temer. É também o nome que mais agrada a alguns ministros do Supremo. Moraes tem um bom trânsito político. É, a meu juízo, um ministro competente, mas é alvo da hostilidade de alguns setores da imprensa, o que me parece imotivado. A crise dos presídios o colocou no centro do noticiário, sendo acusado, aqui e ali, de hesitação, o que é falso. Mais: obviamente, herdou um quadro de descalabro. Embora tenha ganhado relevância como corte criminal, cumpre lembrar que o STF é, essencialmente, uma corte constitucional. E essa é a área em que ele é especialista.

À frente do Ministério da Justiça, não se tem notícia de que Moraes tenha tentado qualquer interferência indevida na Polícia Federal. Muito pelo contrário: o que se viu foi a reiteração da independência do órgão para levar adiante o seu trabalho. O eventual incômodo a ser enfrentado por Temer, caso o indique, decorre muito mais da desinformação e do preconceito de viés ideológico do que de alguma mácula real. Os que prezam o Estado de Direito têm razões para torcer por Moraes. Aos 48 anos, é autor de livros de referência na sua área, com destaque para “Direito Constitucional”, já na 32ª edição, e “Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional”, na 9ª edição.

ives-filhoIVES GANDRA MARTINS FILHO – Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, que preside no momento, é filho do jurista Ives Gandra Martins. Aos 57 anos, não tem vinculação política de nenhuma natureza, e seu perfil é considerado técnico. No TST, tem enfrentado algumas dificuldades porque está entre aqueles que consideram que o estado interfere excessivamente nas relações de trabalho. Já deixou claro mais de uma vez que entende que a livre negociação entre trabalhadores e empregadores é preferível ao excesso de regulamentação. E é também mais eficaz. A exemplo de Moraes, tratar-se-ia de uma aposta num tribunal mais sereno, nos limites do que lhe reserva a Constituição. Também ele não é do tipo que flerta com feitiçarias como “novo constitucionalismo” ou o que chamo de “direito do alarido”: sempre sensível à gritaria dos profissionais de causas.

Dificuldade? Pode haver alguma com as correntes de extrema esquerda. Ives é ligado ao Opus Dei, uma prelazia papal. Não se trata, obviamente, de um segredo, e a “Obra” não é nenhuma organização secreta malévola, como podem pensar as vítimas de “O Código Da Vinci”, o livro hediondo e espantosamente mentiroso de Dan Brown. É também autor de obra considerável na sua área.

grace-mendoncaGRACE MENDONÇA – É a atual advogada-geral da União. Tem 47 anos e assumiu o posto em setembro do ano passado. Já foi assessora da Procuradoria-Geral da República entre 1995 e 2001, quando se tornou advogada da União, e deu aula da Universidade Católica de Brasília entre 2002 e 2015. Temer valoriza o seu perfil discreto. O presidente chegou a mencionar com interlocutores que considera importante aumentar a presença feminina no STF, desde que atendida a exigência da qualidade. Nada sei que desabone o nome de Grace, mas me parece que, no cotejo com os outros dois nomes, e dada a sua juventude, ela ainda pode esperar.

luis-felipe-salomaoLUÍS FELIPE SALOMÃO – Aos 54 anos, é membro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). É autor de obra considerável e já atuou como promotor em São Paulo. Presidiu a Escola Nacional de Magistratura entre 2004 e 2008, ano em que foi nomeado por Lula para o tribunal superior. Integrava o TJ do Rio desde 2004. Uma leitura sobre seus votos indica ser ele o esquerdista dos quatro. Dos candidatos aqui listados, seria aquele que, com certeza, mais se entregaria à interpretação para tentar justificar uma decisão que não encontra amparo explícito na letra da lei.

Um voto seu em favor do chamado “direito ao esquecimento”, sobre reportagem veiculada pela TV Globo, no meu entendimento, flerta com a censura. Para ele, “o interesse público que orbita o fenômeno criminal tende a desaparecer na medida em que também se esgota a resposta penal conferida ao fato criminoso, a qual, certamente, encontra seu último suspiro, com a extinção da pena ou com a absolvição, ambas irreversivelmente consumadas”. Muito bem! Que assim seja! Mas o que isso tem a ver com o direito de informar? Trata-se de uma defesa torta.

Em junho do ano passado, Lauro Jardim publicou em sua coluna no Globo: “Na operação de busca e apreensão realizada pela PF no escritório de Adriana Ancelmo, no mês passado, foram encontrados registros da entrada de Salomão no escritório da advogada. Salomão foi ao lugar quando já era ministro do STJ, em 22 de março de 2010 e em 12 de setembro de 2011. Com a reclamação, Cabral tenta anular a Calicute, fase da Lava Jato no Rio em que ele, ex-secretários e ex-assessores foram presos, e que também investiga operações de lavagem de dinheiro envolvendo o escritório de Adriana Ancelmo. Não é o único laço que poderá constranger Salomão e levá-lo a se declarar suspeito de analisar o pedido de Cabral. Paulo Salomão Filho, sobrinho do ministro, atua em conjunto com Adriana Ancelmo em causas da Fecomércio. E mais: Hudson Braga, um dos presos da operação Calicute e ex-secretário de obras, já contratou o irmão do ministro Luis Felipe Salomão, Ricardo Salomão, para fazer uma perícia em processo que Braga responde por suspeita de improbidade administrativa”.

Registre-se: o ministro não se declarou impedido e também não cedeu: recusou o pedido de Sérgio Cabral.

A minha restrição a seu nome, aqui explícita por uma questão de honestidade intelectual, diz respeito ao que considero excesso de interpretação na aplicação da lei, sempre com viés de esquerda — e já há coisas assim em excesso no Supremo — e à sua leitura sobre direito ao esquecimento e liberdade de imprensa, que vejo como parente da censura. Bem, por esse critério, viveríamos condenados ao presente eterno. Até aquele austríaco de bigodinho esquisito desapareceria da história da Alemanha…

Alexandre de Moraes ou Ives Gandra Martins Filho? No lugar de Temer, eu escolheria um dos dois.

A resposta à crise brasileira não tem bala de prata e tem de ser dada em várias frentes. Mas uma questão se mostra essencial, central, indeclinável: o respeito à lei, ao estado de direito, ao que está consagrado nos códigos recepcionados pela democracia.

Sem feitiçarias.

Por Reinaldo Azevedo

FILHO DE TEORI DENUNCIA PERFIS FALSOS EM SEU NOME NO FACEBOOK




Perfis falsos em redes sociais aumentam rumores sobre o acidente que levou à morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. Neste domingo (22), o filho de Teori, Francisco Zavascki, fez um alerta em seu perfil oficial no Facebook sobre a quantidade de páginas na rede que tentam imitar o seu perfil. 

Uma pesquisa pelo nome de Francisco Zavascki no Facebook retornava com oito páginas que tentam imitar o perfil de Francisco, duas delas com mais de 3 mil seguidores, na noite deste domingo.

São perfis que utilizam a mesma foto do filho do ministro. Uma das páginas chegou a informar local e data do velório do corpo de Teori. Muito embora as informações estivessem corretas, o convite nunca foi feito pelo perfil oficial de Francisco. 

“Pessoal, infelizmente criaram inúmeros perfis meus falsos! Cuidado com o que eles estão postando. Se possível, me ajudem a denunciá-los. Obrigado”, escreveu o filho do ministro. As páginas compartilham notícias e teorias sobre a morte do relator da operação Lava Jato, levantando suspeitas sobre o acidente.

Francisco já havia usado sua página na última quinta-feira para confirmar que o pai havia embarcado no avião que caiu em Paraty, no Rio de Janeiro e, logo em seguida, para avisar sobre a morte do ministro. Foi quando o perfil de Francisco ganhou notoriedade. No mesmo dia, diversas páginas semelhantes foram criadas.


TEORIAS DISSEMINADAS

As páginas falsas com mais seguidores compartilham mensagens que fortalecem a teoria - sem a apresentação de fundamentos técnicos - de que o ministro teria sido vítima de um crime, não de acidente. Relator da Lava Jato, Teori estava prestes a homologar a deleção de 77 ex-executivos da empreiteira Odebrecht. Atualmente, há no gabinete do ministro um acervo de 7.566 processos, sendo 12 ações penais e 65 inquéritos, a maioria contra políticos e autoridades com o chamado foro privilegiado.

No Congresso, parlamentares defendem a investigação profunda do acidente que levou à morte de Teori, para afastar quaisquer suspeitas. Na última sexta-feira, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou um requerimento para abertura de uma comissão de investigação do Congresso. 

“Há necessidade de esclarecimento urgente, porque o próximo ministro será indicado por alguns investigados da operação”, afirmou Randolfe, em referência aos senadores alvos da Lava Jato que votarão a indicação do novo ministro do STF.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) também acredita que uma “investigação profunda e técnica” deve ser feita para não restar dúvidas sobre o acidente aéreo. Para ela, a investigação irá fortalecer ainda mais a operação Lava Jato. (AE)

TEMER PODERÁ FAZER OPÇÃO PAULISTA NA ESCOLHA DO NOVO MINISTRO DO STF


ACORDO TÁCITO PARA NOMEAR PAULISTA AO
STF PODE FAVORECER MORAES

Paulista de Tietê, o presidente Michel Temer assumiu compromisso tácito com seu Estado para nomear um conterrâneo para uma eventual vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Isso é o que fortalece a opção pelo ministro Alexandre de Moraes (Justiça) para a vaga do ministro Teori Zavascki, morto quinta-feira (19) em desastre aéreo. Temer também teria compromisso com o próprio Moraes de nomeá-lo. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

Dias Toffoli foi o último paulista empossado no STF, em 2005. Há mais dois de São Paulo, na Corte: Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.

Lewandowski não conta: ele é da turma de São Bernardo, mas nasceu no Rio. Celso de Mello pode antecipar aposentadoria a qualquer momento.

Além dos três paulistas, o STF tem três cariocas, dois gaúchos, um mineiro e um do Mato Grosso. Nenhum do Nordeste ou do Norte.

Constitucionalista, professor universitário e membro do Ministério Público, Alexandre de Moraes é considerado qualificado para o cargo.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Sulito, símbolo do separatismo na Região Sul, gera piadas na rede


Sulito, mascote do movimento separatista ‘O Sul é o meu país’, gera memes nas redes sociais
O boneco Sulito, mapa da região Sul com feições humanas, que
 chamou atenção nas redes sociais (Facebook/Reprodução)

O que era para ser uma atividade corriqueira de divulgação da “causa da Independência do Sul” se transformou em motivo de piada nas redes sociais. O boneco Sulito, uma espécie de mapa da Região Sul do país com braços, pernas, rosto e um boné, fazia parte de um panfleto divulgado na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS) a fim de promover o 2º Plebisul, votação informal promovida pelo movimento O Sul é o Meu País. Prevista para outubro, a enquete quer saber se os “sul-brasileiros”, como eles se identificam, desejam ou não permanecer como parte do Brasil.

Se o movimento ainda estará em evidência no dia, quando se espera a participação de um milhão de pessoas, entre gaúchos, catarinenses e paranaenses, não se sabe. O que é certeza é que, com as piadas a respeito do Sulito, nunca se falou tanto a respeito da causa da divisão do Brasil. Na internet, a maior parte ironizou a ação, apontando para a baixa qualidade gráfica do boneco, relacionando com outras brincadeiras da internet, como o caso da grávida de Taubaté, e sugerindo como o mascote seria em outros estados e regiões. Com mais de 6 000 replicações no Twitter, uma mensagem falava da união do Sulito com seus irmãos, “Sudestito”, “Nordestito”, “Nortito” e “Centrito”, formando um grande ícone, o “Brazilzord”.

Sulito, mascote do movimento separatista 'O Sul é o meu país', gera memes nas redes sociais
Sulito e seus “irmãos”, mascotes das outras
 regiões do país (Twitter/Reprodução)
Na opinião do jornalista Celso Deucher, diretor de Mobilização Estratégica do movimento, visibilidade é importante, mas não traz resultados concretos, alfinetando os piadistas: “Na rede social, ninguém quer discutir nada com profundidade. Se você perguntar, 99% não sabem o que é pacto federativo”, acredita.

Para ele, isso acontece porque, em primeiro lugar, a questão não diz respeito aos “brasileiros”, os habitantes das outras regiões. Em segundo, porque muitas das piadas não trazem discussões em profundidade. Um comentário, em particular, incomodou o diretor, quando um usuário afirmou que, no Sulito, o extremo-sul do país apresentava um formato quase fálico. “É impressionante, as pessoas transformam tudo em sexo.”

Sulito, mascote do movimento separatista ‘O Sul é o meu país’, gera memes nas redes sociais
Sulito foi vestido como a icônica “grávida de Taubaté”
 (Twitter/Reprodução)
Ele se preocupa, também, com o dia de amanhã. “Se as pessoas do Sul considerarem que não devemos nos separar, esse tipo de acontecimento é difícil, porque acirra os ânimos entre nós e os brasileiros”, afirma. Sobre estes, os brasileiros, ele diz que se impressiona com o fato de os outros estados não se incomodarem com “esse pacto federativo assombroso”. E explicou, alegando que “somos colônias de Brasília, todos os estados, a diferença é que nós do Sul temos amor próprio”.

Sobre as piadas e as ironias que o movimento sofreu, o jornalista publicou um texto usando como epígrafe uma frase do pacifista indiano Mahatma Gandhi, que diz: “Primeiro ignoram-te, depois riem de ti, depois atacam-te e no fim tu vences”. Depois de ser ignorado e ironizado, haveriam os ataques e, por fim ,a vitória. “Eu sonho. Com o pé no chão, mas nosso povo sonha”, disse.

Questionado se o sonho da independência do Sul está de fato próximo, Deucher diz que sim, que a crise econômica e a corrupção deixaram claro que não vamos bem juntos e que talvez possamos nos dar melhor separados. “Ninguém quer mais sustentar a opulência e a corrupção de Brasília […] , é difícil defender que temos que ficar unidos. Agora, é cada um por si e Deus por todos”, defende.

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