quarta-feira, 13 de abril de 2011

Objeto de desejo

Merval Pereira
 

A classe média, que já havia sido eleita pelo Democratas como seu alvo preferencial na tentativa de reconstrução, agora, com o aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu artigo na revista "Interesse Nacional", tornou-se o objeto de desejo das oposições.

O Fórum da Liberdade, na sua 24 edição, terminou ontem em Porto Alegre, após dois dias discutindo o papel das novas mídias na sociedade, o alcance das mudanças que elas provocam e, sobretudo, a liberdade na era digital, que era, enfim, o tema central do seminário.

O público, eminentemente jovem, parecia se enquadrar perfeitamente na definição de classe média descrita pelo ex-presidente Fernando Henrique no artigo sobre o papel das oposições.

O ex-presidente defende a tese de que os partidos de oposição devem eleger a classe média como seu público-alvo, pois o "povão" estaria já cooptado pelos programas sociais do governo petista.

E que classe média seria essa?

"Existe toda uma gama de classes médias, de novas classes possuidoras (empresários de novo tipo e mais jovens), de profissionais das atividades contemporâneas ligadas à TI (tecnologia da informação) e ao entretenimento, aos novos serviços espalhados pelo Brasil afora", ensina FH.

Esse público-alvo estaria mais conectado às novas mídias sociais do que à atividade partidária, embora esteja fazendo política o tempo todo, sem que os políticos tradicionais se deem conta disso.

A tarefa das oposições seria, segundo FH, utilizar essas mesmas ferramentas para tentar atrair seus usuários, em vez de modorrentas e burocráticas reuniões partidárias que só fazem afastar os cidadãos comuns da atividade política, a que eles e os políticos só recorrem às vésperas de eleições.

O poder das novas mídias, como o Facebook e o Twitter, foi dos temas mais debatidos no Fórum da Liberdade, e houve de tudo, desde o depoimento de Rony Rodrigues, jovem empresário defensor intransigente das maravilhas da internet, sem aceitar qualquer reparo a essa ferramenta, até o contraponto do economista Rodrigo Constantino, que se encarregou do papel de "advogado do diabo" para desconstruir a propalada força de mobilização de tais mídias sociais, responsabilizadas pela recente revolta popular nos países árabes.

Constantino considera uma ingenuidade achar que foi o Facebook que levou à queda de Mubarak no Egito, por exemplo, e atribui o sucesso dessa nova mídia à espetacularização das relações sociais no momento que o mundo globalizado vive.

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